Por Vinícius Araujo

Mesmo anos após as eleições, muitas pessoas ainda associam a camisa da seleção brasileira com o símbolo da extrema direita no Brasil. A amarelinha carrega uma aura que é dificilmente esquecida mesmo com o auxílio de grandes mídias e empresas. Foi sobre esse tema que o pesquisador Marcelo Resende palestrou, durante o congresso da ALAIC na Unesp nesta quinta-feira (22).

Em 2018 a Folha de São Paulo, O Globo e tantas outras grandes mídias, fizeram divulgações muito fortes com relação aos protestos de direita. Porém, com o sequestro da camisa brasileira como símbolo do extremismo, foi criada uma rachadura entre os torcedores gerando perca de lucro para as grandes empresas, já que o consumo diminuiu. Logo, as grandes mídias e marcas começaram uma grande campanha para a desassociação do símbolo nacional com o bolsonarismo.

Segundo o pesquisador Marcelo, a tentativa de “dessequestrar” o símbolo nacional, passa não somente pelo processo de apolitização da camisa da seleção, e sim por trazê-la novamente para quem ela pertence, o povo. Tanto por conta dos últimos resultados da própria seleção, como também pela utilização do símbolo para determinado partido político, fato é que houve um afastamento entre a população geral e a Seleção brasileira.

Diante desse afastamento, é que Marcelo traz como prioridade, a aproximação com o povo, e não um processo de despolitizar a camisa. “Se você despolitiza daqui um tempo ela pode ser sequestrada novamente por um outro discurso, e qual será esse novo discurso? Não sabemos, pode ser sequestrado novamente por um discurso de extrema direita, que é repressão, militarização e ataque ao conhecimento”.

Marcelo também citou Simone Guedes, pesquisadora central de seu trabalho, para comentar sobre outro sequestro da camisa da seleção. “Ela faz uma construção histórica que, durante a primeira ditadura militar, houve o primeiro sequestro dos símbolos nacionais, os militares decidiam quando e onde poderíamos utilizar. E o segundo sequestro agora com o bolsonarismo. Então não é apenas despolitizar, porque se você despolitizar, ela fica livre para outro sequestro futuramente”. Por fim, o pesquisador comentou sobre campanhas realizadas pelas grandes marcas como Nike, Adidas entre outras, para novamente gerar a identificação com o povo brasileiro, trazendo em seus comerciais e propagandas, a população mais pobre, negros e LGBTQIA+. Como por exemplo o marketing realizado com a estrela da nova geração, Vinicius Jr, ou a campanha que a Nike fez para o lançamento das novas camisas, chamando grandes nomes da música periférica como o rapper Djonga ou o cantor de Funk MC Hariel.

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