Palestrante mostra as formas como feministas transexcludentes radicais se posicionaram no Instagram da editora que promoveu o livro da filósofa
Isabella Crosta comentou a obra de Judith Butler Quem tem medo do gênero?
Texto e foto por Maria Clara Rabelo
Bauru, 21/08/2024. Na tarde desta quarta-feira (21), Isabella Bergo Crosta, doutoranda pela USP, e sua orientadora Claudia Lago, apresentaram um tema de pesquisa exclusivo para o congresso do ALAIC. O assunto abordado foi “Feminismo transexcludente contra Judith Butler: uma análise do embate digital no instagram da editora Boitempo”.
Para abrir e contextualizar sua apresentação, Isabella trouxe um trecho de um vídeo do ano de 2017, onde manifestantes protestam em frente ao Sesc Pompeia contra as teorias feministas queer da filósofa Judith Butler.
Isabella iniciou sua apresentação dizendo: “nosso principal objetivo com essa pesquisa foi analisar a relação de feministas transexcludentes com Judith Butler no Instagram, focando na divulgação do livro “Quem tem medo do gênero?”.
Ela explicou que seu objetivo foi analisar “se os comentários mais curtidos das publicações da editora Boitempo que envolvem o livro podem ser classificados como discurso de ódio”. Ela afirmou também que “essas manifestações fizeram com que ela quisesse escrever esse livro”.
No desenvolvimento da amostra de sua pesquisa, Isabella trouxe seu embasamento principalmente na definição do feminismo radical e em como as TERFs (transexcludentes radicais feministas) trazem as críticas às teorias de Judith Butler, que defende pessoas transgêneros. As TERFs também acreditam que o órgão sexual com o qual as pessoas nascem define seu gênero. É a chamada ideologia de gênero e isso também é debatido na obra “Quem tem medo do gênero?”.
Diante dessa base, foi observado e coletado do Instagram da Boitempo por elas tais comentários como “Butler? Aquela da teoria misógina? Não, obrigada” comentou uma internauta, “Quem tem medo do sexo?” escreveu outra. Depois de tamanha repercussão a Boitempo publicou “1° passo para debater um livro: leia o livro” e o comentário mais engajado foi “ inclusive eu queria sugerir pra Boitempo que siga seus próprios conselhos e leiam teóricas feministas de segunda onda só pra gente ver um negócio.”
Depois da exposição desses comentários, a palestrante fechou sua apresentação concluindo que houve um esforço militante das feministas radicais para descredibilizar Judith Butler além de creer que embora não sejam explícitos os xingamentos, existem ataques conceituais que não podem ser considerados discurso de ódio.
Ao mesmo tempo, houve também muitas críticas baseadas nas teorias do feminismo de segunda onda, da década de 70, quando se desenvolveu o feminismo radical, cujo objetivo central era formar uma classe social contra os homens. Desta forma, posicionaram-se contra mulheres transgêneros com a justificativa de que isso as prejudicaria de se organizarem e que seriam “homens infiltrados”, pois acreditam na definição do sexo biológico.