Professor da UFJF apresenta projeto de pesquisa sobre o papel das crônicas na contemporaneidade em Grupo Temático da ALAIC
Texto e foto de Giovanna da Silva Araújo
Bauru, 21/08/2024. O segundo dia da 17ª edição da ALAIC (Associação Latino-americana de Pesquisadores em Comunicação) contou com uma vasta programação dos Grupos de Interesse (GI’s) e Grupos Temáticos (GT’s) na tarde desta quarta-feira, dia 21 de agosto. O GT “Estudos de Periodismo” propôs em uma de suas sessões o tema “Reflexões, conceitos e gêneros no periodismo”, onde o docente da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Boanerges Lopes, expôs seu novo projeto de pesquisa intitulado “O lugar da crônica no jornalismo contemporâneo: fracasso dos gêneros ou laboratório de experimentações?”.
Inspirado em um ensaio do jornalista e professor Wellington Pereira, Lopes retomou uma de suas frentes de pesquisa, a crônica, a fim de “suprir uma lacuna significativa da bibliografia brasileira do jornalismo”, como sugere Pereira em “Crônica: arte do útil ou do fútil ensaio sobre a crônica no jornalismo impresso”. O pesquisador afirma que “a crônica permite ao autor expressar suas emoções e opiniões, sendo uma forma de arte dentro do jornalismo”, colocando em jogo sua paixão pessoal pelo estilo na escolha do tema do projeto.
Professor da UFJF Boanerges Lopes durante sua apresentação
Como uma pesquisa ainda embrionária, Lopes pretende através dela analisar o comportamento da crônica nos suportes impresso e digital e sua organização nos domínios jornalístico e literário, bem como refletir sobre as possibilidades que emergem da aproximação entre ficção e realidade.
Em sua metodologia, o docente está realizando um estudo exploratório acerca de autores dos gêneros textuais e estudos narrativos e tem como principal objeto de análise as produções do cronista Antônio Prata. “O Prata vem de alguma maneira ocupando espaços diferenciados. Ele inicia a crônica nos impressos e mergulha, mais recentemente, no espaço digital”, explica Lopes.
Em suas primeiras observações do diálogo entre autores sobre a temática até o momento, o pesquisador concluiu que há um paradoxo no que tange ao fenômeno da crônica: enquanto alguns estudiosos acreditam que a proliferação excessiva da crônica a levou ao seu fracasso, outros contrapõem que, na verdade, sua expansão abriu novas portas ao gênero. “A crônica não é para qualquer um. Por mais que haja a ideia de simplicidade, o texto da crônica é de uma complexidade enorme”, concluiu o docente em sua apresentação.
Jornal Contexto 