Para o professor Juliano Maurício de Carvalho, implementação e controle da inteligência artificial enfrentam dificuldades

Juliano Maurício de Carvalho no auditório Guilhermão no XVII ALAIC
Texto de Rafael Prudente e foto de Lucas Mello
Bauru, 21/08/2024. Na manhã de hoje, quarta-feira (21), ocorreu o painel “Automação, algoritmos e inteligência artificial na comunicação”, parte da programação do XVII Congresso ALAIC, na Unesp Bauru. O painel teve presença do professor e pesquisador Juliano Maurício de Carvalho, professor de Jornalismo da Unesp Bauru, que tratou dos problemas econômicos, políticos, sociais e de implementação da inteligência artificial nos processos comunicativos.
Além do professor Juliano, o evento contou com a participação de Daniela Monje, professora de Comunicação da Universidad Nacional de Córdoba, Francisco Rolfsen Belda. também professor da Unesp Bauru e o jornalista Emiliano Treré, que participou remotamente. A mediação do painel foi mérito de Anderson Santos, membro da Socicom.
A fala de Juliano começou destacando a parcialidade das inteligências artificiais pelo controle das big techs.
“As IA ‘s não são neutras, por óbvio, são produtos de um sistema que visa a expansão e consolidação de mercados dominados por grandes corporações que moldam essas tecnologias segundo seus próprios interesses, muitas vezes alheios às necessidades e realidades locais”.
Durante sua fala, um dos temas de maior relevância que foram abordados foi a dificuldade de implementação dessa tecnologia em cenários regionais por conta de problemas de investimento e infraestrutura.
“O desenvolvimento de uma IA local enfrenta enormes desafios, em uma escala mais acentuada que o de países desenvolvidos. A falta de infraestrutura computacional avançada, valores específicos de dados e investimentos substanciais em pesquisa e desenvolvimento são barreiras que limitam a capacidade da região de criar modelos competitivos globalmente”.
Ao tratar da regulamentação das inteligências artificiais, o professor ressaltou a necessidade de uma política não apenas regional, mas mundial, analisando as características da tecnologia.
“É imperativo a necessidade de uma governança global para a IA, mas o que justifica a adoção de uma governança global”, perguntou Juliano. “Primeiramente, os desafios impostos pela IA são transnacionais por natureza, a tecnologia não conhece as fronteiras e uma regulação fragmentada pode ser ineficaz para lidar com questões como privacidade, segurança e ética”.
Mas não deixou de considerar a importância de uma política regional, ao contar com aspectos culturais e sociais de cada região.
“Uma governança regional seria mais adequada para refletir as especificidades culturais e as necessidades econômicas locais, promovendo uma abordagem mais sintonizada com as realidades latino-americanas”, disse o professor.
Ao final da apresentação, o professor propôs políticas que pudessem auxiliar na resolução dos problemas citados, como o aumento das diferenças sociais e os métodos de governança global na realidade latino-americana, destaque da ALAIC.
“Garantir o acesso equitativo à IA, implementar políticas que assegurem o acesso equitativo da tecnologia, superando as barreiras econômicas e educacionais. Além de propor uma governança regional colaborativa, um marco regulatório regional e amplo de organismos multi materiais assim como o Mercosul que permita a cooperação entre países membros para a definição de padrões éticos e de segurança para as inteligências artificiais respeitando as especificidades locais e promovendo uma governança integrada”.
