Palestra discute a interferência da união feminina conservadora em ano eleitoral

Rede social de Mical Damasceno, deputada estadual pelo Maranhão

Texto e foto de Beatriz de Almeida

Bauru, 20/08/2024. A sessão do GT 03, “Comunicación Política y Medios”, sediada durante a ALAIC, o Congresso Latino Americano de Comunicação, no campus da UNESP de Bauru, teve como umas das apresentações a pesquisa de Lilian Juliana e Nathali Malaco, com o tema “Performance Populista da extrema direita na política: afetações conservadoras como estratégia de agitação na esfera pública hiper mediatizada”, realizada hoje, 20 de agosto.

A pesquisa analisou as estratégias utilizadas pelas mulheres de direita em cargos executivos e legislativos, usados para ganhar espaço e atenção nos debates da esfera pública. Como exemplo, a professora Lilian Juliana da UNEMAT, Universidade Estadual do Mato Grosso, apontou três casos durante a palestra: a prefeita de Canoinhas (SC), Juliana Maciel (PL); a deputada estadual do Maranhão, Mical Damasceno (PDS) e o caso da ex-prefeita de Carlinda (MT), Carmelinda Leal.

Uma das situações destacadas foi o ato da prefeita de Canoinhas, Juliana Maciel, que, para seu perfil no Instagram, se gravou jogando livros no lixo, livros esses que ela considera como “porcarias e imoral”, visto que abordam conteúdos raciais e pautas sobre questões de gênero.

Em um fragmento, Juliana pede para que todos os prefeitos de Santa Catarina façam um “pente fino” nas bibliotecas das cidades, para que os livros que não citam os valores da família sejam retirados dos locais públicos.

Complementando a leva de discursos populistas conservadores, o segundo caso apresentado pela professora Lilian foi sobre Mical Damasceno, deputada estadual do Maranhão, que durante o debate parlamentar, disse que o homem é o cabeça da família e a mulher é submissa ao seu marido, criticando também a presença feminina na política, sendo contraditória, já que a deputada é uma parlamentar.

Falas como essas consistem em populismo como estilo performático para chamar atenção, onde adjunto de conteúdos antifeministas nas redes sociais, corrobora no ódio, utilizado como poderosa ferramenta política.

Segundo Lilian, jovens do sexo masculino estão em direção à extrema direita, enquanto o sexo feminino está migrando para a extrema esquerda. Ao ser questionada sobre como abordar o tema com adolescentes, ela relata: “precisamos conversar com os jovens a partir de um olhar jornalístico, sobre o que está acontecendo, apontando indicações sobre o que é verídico nos vídeos e nas falas, pois não conseguimos ignorar, mas como vamos repercutir essas falas populistas?”.

O último caso demonstrado foi o de Carmelinda Leal, ex-prefeita da cidade de Carlinda, que renunciou ao seu cargo logo após a vitória do Presidente Lula, nas eleições de 2022. Em sua carta de renúncia, Carmelinda comunica que não tem forças para seguir com o mandato à frente do poder executivo atual, mas que seguirá seu trabalho como esposa e mãe.

Nas redes sociais, ainda que o público perceba e tenha um olhar crítico para os discursos, a mídia hegemônica continua dando visibilidade para essas mulheres. Os cometários críticos das postagens, repercutidos de forma positiva para seus seguidores ou não, tornam essas mulheres conhecidas, assim, a estratégia de dar visibilidade às falas populistas se torna um aliado político.

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