O professor Eduardo Meditsch participou da mesa temática “O pensamento comunicacional latino americano: Diálogos com Paulo Freire”. Para ele, o jornalismo é um veículo educativo
Texto de Giulia Morais e foto de Vítor Cocito

Anfiteatro Guilhermão, na Unesp de Bauru, ficou lotado na manhã de terça-feira, 20, durante a mesa temática que debateu a influência de Paulo Freire na Comunicação
Bauru, 20/08/2024. “As nossas sociedades são programadas para que a população seja mal informada ou desinformada”.
A frase é de Eduardo Meditsch, pesquisador e professor de Pós graduação em Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele participou hoje, 20, da mesa temática “O pensamento comunicacional latino americano: Diálogos com Paulo Freire”.
O pesquisador, que estuda o “jornalismo educador”, acredita que a forma de combater a desinformação estrutural é a utilização do modelo da comunicação freiriana, baseada nos diálogos e no jornalismo voltado para uma ciência social aplicada. Para ele, esse processo é essencial na democratização da informação de qualidade para a população, uma vez que o jornalismo de referência por muito tempo foi “elitizado, destinado a pessoas brancas, ricas e da elite cultural”.
Meditsch apontou também as barreiras enfrentadas pelo pensamento de Paulo Freire dentro da comunicação, ao citar aspectos como: a discussão política que circunda o Brasil e o avanço da extrema direita.
Além disso, o professor explicou que a questão conceitual e paradigmática foi responsável para que esse modelo ainda não tenha sido introduzido por completo nos cursos de jornalismo. “A Comunicação vai adotar uma perspectiva das ciências sociais, com o objetivo de controle social, e de negar essa ligação com a educação, esse parentesco com a ela”.
Ainda com relação ao papel educacional que o pensamento comunicacional exerce, o professor disse que a “extensão universitária pode ser o caminho possível para se aproximar da comunidade” e encontra nela a possibilidade de contemplar nas pesquisas e no fazer jornalístico, os diálogos com a população.
Outro problema destacado pelo jornalista é a continuação de uma estrutura pedagógica ocidental distante da realidade vivida pelos estudantes dos países da América Latina, o que impede que novas perspectivas sejam construídas e o modelo tradicional permaneça sendo estudado do mesmo modo.
Eduardo inclui no debate a questão da fragmentação dos estudos e como isso interfere, em muitos momentos, na falta de diálogo dos pesquisadores e instituições. Por fim, o professor afirmou que “as organizações precisam se comunicar entre si, precisam trazer esses diálogos”, como forma de produzir e compartilhar os saberes que ali são produzidos para toda a sociedade.

O professor Eduardo Meditsch durante participação no Congresso da ALAIC
