A afirmação é de Helena Dias, durante palestra sobre os 60 anos do golpe civil-militar

Texto de Livia Maria Campesato e foto de Lucas Melo

A produtora, roteirista e pesquisadora, Helena Dias, marcou presença no primeiro dia do XVII Congresso da ALAIC (Associação Latino-Americana de Pesquisadores da Comunicação), que acontece na Unesp Bauru.

Ela participou da “Mesa Temática sobre os 60 anos do golpe civil-militar no Brasil”, com enfoque na “Censura e desinformação em governos autoritários: vozes, silêncios e resistências”.

Participaram também da mesa os conferencistas João Batista de Abreu (UFF) e Valci Zuculoto (UFSC), e a mediação foi de Nair Prata (UFOP) e Karina Woehl (UNESP).

Helena Dias é formada em Rádio e TV na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), produziu diversos trabalhos audiovisuais premiados. Entre eles, o podcast “Ditadura Recontada”, que tem foco na discussão da noite.

O início dos estudos sobre os governos autoritários no ramo audiovisual ocorreu durante o trabalho de finalização do seu curso, quando a produtora analisou as produções, exibições e o consumo de filmes durante as ditaduras no Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.

“A gente tem uma dificuldade muito grande em se ver como cidadão político e esse consumo dos filmes [na época] reflete um pouco isso”, concluiu a roteirista.

Mais para frente em sua carreira, ela retoma a temática ao produzir e narrar “Ditadura Recontada”, uma parceria da CBN com a Globoplay, levando aos holofotes entrevistas inéditas do jornalista Elio Gaspari – escritor do livro “A Ditadura Encurralada” e ganhador do prêmio Vladimir Herzog- com figuras do governo ditatorial.

A produtora conta sobre os dois anos de investigação, restauração e reunião de materiais para o podcast. “Elio ficou 40 anos mergulhado na pesquisa. Então, além dos textos escritos e fotografias, a gente tem entrevistas com o Geisel na casa dele em Ipanema”, falou Helena sobre a exclusividade dos áudios.

Por se tratar de gravações antigas, os áudios da entrevista com o presidente Ernesto Geisel foram tratados e recuperados com a ajuda da inteligência artificial. “Tivemos que reconstruir as falas usando obviamente a voz do Geisel, mas reconstruindo”, explicou a palestrante.

Ela também pontuou durante a roda de perguntas sobre a dificuldade dos pesquisadores brasileiros em reunir e criar um acervo sobre a época do regime totalitário. Principalmente, em filmes, que dependem do consumo e investimento do mercado.

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