
A estudante de Jornalismo da Unesp Marcela Soares Evangelista durante sua apresentação
Texto e foto de Pedro Almeida
Bauru, 20/08/2024. Na tarde desta quarta-feira (20), durante o XVII Congresso ALAIC 2024, a acadêmica Marcela Soares Evangelista fez sua participação no evento trazendo à tona a utilização das formações discursivas da imprensa argentina e brasileira após a final da Copa do Mundo de 2022.
A formação discursiva é um termo oriundo da Análise do Discurso, particularmente influenciado pelo trabalho do filósofo Michel Foucault. Tal prática se refere ao conjunto de regras, práticas e convenções que determinam o que pode e o que não pode ser dito em determinado contexto social ou institucional. No jornalismo, tais formações discursivas orientam a produção, seleção e hierarquização das informações que chegam ao público.
Por exemplo, em eventos esportivos internacionais, as escolhas de palavras, imagens e fontes refletem não apenas o evento em si, mas também a visão geral da competição, seus interesses atrelados às necessidades midiáticas e do público que consome tal conteúdo, a mídia argentina retratou através dos elementos baseados na euforia, ocultamento do adversário e heroísmo, tudo foi inteiramente voltado para os vencedores.
Dentre exemplos dados através da formação discursiva, segundo ela, a mídia brasileira retratou de maneira levemente diferente, sabendo de seu público-alvo.
“Cada página propõe uma produção de sentido específica com distintas representações da realidade, cada uma observou o mesmo fenômeno, o mesmo fato que aconteceu naquele dia, mas trouxe uma representação diferente, por mais que tenham características em comum, formando assim a formação discursiva, mas que, cada um do seu jeito traz as suas próprias particularidades para capa de jornal”.
A formação discursiva no jornalismo atua como um filtro para moldar a realidade antes que ela chegue ao público. “O Jornalismo busca restabelecer as relações entre os diversos elementos factuais por meio das reconstruções discursivas e o recorte da realidade a partir de um mesmo acontecimento pode ser agrupado por informações discursivas diversas”, explicou Marcela.
Isso ocorre porque o jornalismo não é neutro; ele é vasto de ideologias, valores e interesses que se manifestam nas narrativas.
