Por Sinara Martins
Aconteceu nesta sexta-feira (26), a Cerimônia de Abertura que deu início a 33° edição dos Jogos Olímpicos, em Paris. Durante a cerimônia, barcos transportavam os atletas de inúmeras modalidades, todos caracterizados pelo Uniforme Olímpico de seus países, no rio Sena – que foi cenário do evento.
Os Uniformes Olímpicos carregam o fardo da representação de um país e contribuem com toda comunicação visual, levando a identidade nacional para as vestimentas – em estampas, cores da bandeira e na escolha das peças utilizadas.
No caso do Brasil, as vestimentas repercutiram nas redes sociais de forma negativa desde que foram apresentadas pelo Comitê Brasileiro Olímpico (COB), por conta de seu design simples, ainda mais quando comparados com peças de tirar o fôlego, como se observa em designs dos uniformes de países como a Mongólia, Haiti e Coréia do Sul.
Em um mundo onde o bom marketing dita qualquer transformação de vilão em herói, esperava-se muito mais da moda brasileira nas Olimpíadas. Em uma celebração repleta de cultura, é lamentável a escolha do uniforme final tão deplorável, tendo em vista que nosso país possui inúmeros artistas independentes que representam com grande maestria a diversidade do território, muito mais que os designers da empresa Riachuelo, responsáveis pelo projeto.
FOTO: REPRODUÇÃO/COB
Ao entender que moda é expressão, fica claro a importância dada aos atletas brasileiros e aos esportes no país. O descaso por esportes que não rendem tanto quanto o futebol se torna claro quando refletido na criação dos uniformes que nos representam em Paris.
A moda torna-se grande aliada do esporte e tendências fashion e a NBA é a maior prova de que os dois juntos funcionam. Inúmeros atletas ganham visibilidade não só pela maestria ao jogar, mas também por se consagrar referências da moda antes de entrar em quadras, ainda nos Tunnels.
De fato, como já pontuado na resposta de Paulo Wanderley, presidente do COB às críticas negativas, “não é Paris Fashion Week, são os Jogos Olímpicos”, é importante ter em mente que as Olimpíadas criaram uma nova passarela para a moda, muito além do Fashion Week, que se alia no cotidiano da população, e mostra não se limitar somente ao esporte. Modelos de leggings, jaqueta corta-vento e tênis, projetados em primeiro momento somente aos atletas, estouraram a bolha esportiva e fazem parte da moda popular.
As Olimpíadas mostram ser uma grande porta de entrada para a consagração de novas tendências de moda, assim como o surgimento de momentos icônicos. O atleta Ato Boldon é um grande exemplo disso, ao entrar para história não só por ganhar duas medalhas em diferentes modalidades do atletismo no ano de 2000, mas por também usar o modelo de óculos “Over The Top”, da Oakley, enquanto competia.
FOTO: FRANCOIS MARIT
Sem samba, sem funk, sem riqueza cultural. O Brasil perdeu uma grande oportunidade de mostrar a moda nacional e a cultura do país. A torcida e esperança ficam para que, na próxima Olimpíada, os atletas e a moda não continuem na capa de invisibilidade que são obrigados a usar em meio a tanto descaso nacional.
