A importância da bateria da Unesp Bauru para a universidade e para a sociedade.
por Kayo Gonçalves Bezerra
Você já estava andando pela Unesp de Bauru e ouviu uma batucada vindo de algum lugar? Se você frequenta o local a partir das 18h com certeza já escutou.
Algumas pessoas que ouviram decidiram participar do samba, como a Amanda Menezes, que estuda Relações Públicas na universidade, e toca o ganzá desde 2022.
“Eu trabalhava loucamente o dia inteiro, estudava a noite toda, mas das 18h às 19h eu chegava aqui e a única coisa que passava pela minha cabeça era o ritmo da música.” diz a aluna.
A Naumteria, bicampeã do desafio de baterias d’O Inter, conta com mais de 70 integrantes, desde alunos da graduação a mestrandos, 6 tipos de instrumentos e 24 anos de uma história que são em sua maioria, lendas urbanas.
Uma delas diz que no início um rapaz até tentou vender o próprio carro para comprar os instrumentos da banda, que ia tocar nos jogos da atlética, quase não teve bateria, mas de algum jeito conseguiram juntar tudo e assim nasceu a Naumteria.
Sendo real ou não desde então, ela segue firme, com ensaios das 18h às 19h no DEF e escolinha de terça e quinta das 18h às 19h e de quarta e sexta de 12:30 às 14h na salinha da bateria.
Para organizar tudo isso, a Naumteria é dividida em duas, a parte administrativa e a musical. “A parte administrativa é aberta pra quem mostrar interesse e não tem uma hierarquia, já na parte musical, a pessoa fica um semestre na escolinha e depois, se a gente sentir que ela está se comprometendo, nós puxamos pra ser ritmista”, explica o mestre João Francisco, que está na bateria desde 2022 e tocava caixa. Mesmo com essa divisão tudo é decidido em reuniões e votações.

A parte administrativa pode não ter hierarquia, mas a bateria segue o mestre e a Naumteria tem dois, a Ana Carolina e o João Francisco, mais conhecidos como Bee e Berma. Eles que guiam os ritmistas nos campeonatos, porém o cargo não vem assim fácil. “Ninguém é mestre logo de cara, tem que conhecer as pessoas e os instrumentos. Ninguém vai querer obedecer um desconhecido”, explica Berma.
A bateria foi criada, inicialmente, para torcer pela atlética da universidade, e em algum momento da história a Atlética tinha um aporte com a Naumteria. Hoje as duas entidades funcionam separadamente. A Atlética é patrocinada pela Red Bull, já a Naum não tem patrocínio e se mantém de campeonatos e eventos.
Muitas pessoas não entendem o quanto a Naumteria é importante para a formação acadêmica, o samba faz parte da nossa história e ter um momento de lazer é importante no meio de tantas responsabilidades. “A bateria é uma forma de permanência estudantil”, diz o mestrando Guilherme Ferreira, que entrou na bateria em 2018 tocando agogô, mas que agora toca ganzá. “Estar na universidade é estudar, é ocupar os espaços, e às vezes na correria a gente precisa de um momento cultural, um momento de alívio, e a bateria é esse espaço”, completa.
Desde 2000, em sua primeira apresentação, a bateria segue tocando não apenas músicas, mas também o coração de jovens estudantes. “A Naumteria é um espaço de muito aprendizado, de crescimento e cultura. Aqui eu aprendi muito sobre outras realidades e hoje a Naumteria tem outro significado pra mim”, diz Amanda.
No meio de tantos projetos de extensão, de tantas aulas e pesquisas, é bom ter um momento de lazer, onde você pode se conectar com outras pessoas através da música e sentir vontade de ficar. Então, da próxima vez que você ouvir a batucada experimente ir ver o pessoal tocar, cogite entrar pra escolinha, viva todas as experiências que a faculdade pode te proporcionar.
