A joia alviverde é a grande aposta do clube merengue para as próximas temporadas
Por João Guilherme Provasi Xavier
Endrick visitando o estádio do Real Madrid, o Santiago Bernabéu (Foto: Lance!/Divulgação/Real Madrid)
De malas prontas para ir à Madri, Endrick passa a ser oficialmente jogador do Real no dia 21 de julho, quando completa 18 anos. A contratação gera muito otimismo aos torcedores brasileiros e espanhóis, mas também algumas dúvidas a respeito da performance do craque em solo europeu.
No Brasil, Endrick surpreende os amantes do futebol desde sua passagem pelas categorias de base. Quando subiu ao profissional do Palmeiras, o jogador ganhou ainda mais visibilidade, o que chamou a atenção de times do velho continente, como o Barcelona e o PSG, mas quem acabou ficando com a joia da “academia” foi o Real Madrid.
A negociação foi firmada em dezembro de 2022, com os valores girando em torno de 70 milhões de euros (R$398 milhões na cotação atual). Desse valor, 35 milhões de euros são fixos, que serão pagos em duas parcelas, e os outros 25 milhões são em bônus por metas, algumas já alcançadas pelo jogador, como a convocação para a seleção brasileira.
Agora, após a última partida com a camisa do Verdão, Endrick se prepara para a nova rotina no “Maior Clube do Mundo”. O jogador não terá vida fácil para ganhar a titularidade, já que irá jogar ao lado de craques como Vinicius Junior, Rodrygo e do recém-chegado Mbappé, e terá que superar as diferenças entre o futebol sul-americano e o europeu.

Endrick e Carlo Ancelotti, durante a visita do jogador as instalações do Real Madrid (Foto: X(Twitter)/Real Madrid)
Ao se transferir para o atual campeão da Champions League, Endrick se depara com uma nova realidade no contexto do esporte. Além da diversidade cultural entre os países, o futebol sul-americano e o europeu apresentam algumas diferenças notáveis, principalmente nas questões técnicas e táticas escolhidas pelos treinadores.
Para o jornalista esportivo, escritor e mestre em estudos literários pela Unesp, Rodrigo Viana, apesar do futebol europeu exigir mais na parte tática e física, o fato de Endrick ter sido treinado por Abel Ferreira, um português, pode colaborar para sua adaptação ao estilo de Carlo Ancelotti. “Como Endrick tinha um técnico europeu no comando do seu time aqui no Brasil, que era o Abel Ferreira no Palmeiras, que é um cara que usa muito essa disciplina tática, essa disciplina física, ele praticamente tinha um sistema de treinos e jogos europeus atuando no Brasil”, afirma.
Rodrigo também acredita que a passagem pela equipe paulista garante ao jogador vantagens para jogar na Espanha. Para ele, o futebol brasileiro acaba deixando a desejar na parte tática e física, mas sobra na questão técnica em relação ao país ibérico. “Eu acho que a bagagem dele é compatível com o futebol europeu, com qualquer futebol do mundo. Eu creio que o Brasil, tecnicamente, não deve nada a nenhum outro futebol do mundo”.
Endrick, Vinicius Junior e Rodrygo, em um treino físico pela seleção brasileira (Foto: Joilson Marconne / CBF)
A transferência ao Madrid também significa lidar com a pressão de atuar no clube mais tradicional do planeta. Além da força do elenco atual, os títulos históricos e o legado de ídolos como Cristiano Ronaldo, Zidane e Raúl aumentam a responsabilidade de qualquer jogador que atua no clube merengue, e com Endrick não será diferente.
Entretanto, Fernando Beagá, jornalista esportivo e mestre em comunicação pela Unesp, acredita que, mesmo com a pouca idade, Endrick já possui maturidade para lidar com o peso dos jogos e com a influência da mídia. “Ele estreou com 16 anos, com a poderosa camisa do Palmeiras. E estreou com essa responsabilidade de quem já brilhava muito na base”.
Beagá relembrou da importância do jogador nas últimas conquistas da equipe paulista, e reforçou como isso ajuda a lidar com a pressão. “Ele tem participação direta nos últimos títulos nacionais do Palmeiras, e com poucos jogos pela seleção, já coleciona gols importantes, principalmente em solo europeu”, afirma.
A briga por titularidade é outra questão importante na contratação do atleta pelo Real Madrid. Apesar do técnico Carlo Ancelotti garantir o jogador na equipe principal, Endrick irá disputar espaço com Rodrygo e Vinícius, além do experiente Joselu e do recém-chegado Kylian Mbappé, que nas últimas temporadas brigou pela Bola de Ouro.
Endrick e Rodrygo, companheiros de seleção e agora de Real Madrid (Foto: UOL Band/Divulgação Real Madrid)
Nesse cenário, o jornalista e comentarista esportivo da ESPN Brasil, Ubiratan Leal, não vê outra alternativa para o começo da passagem de Endrick por Madrid que não seja o banco de reservas. “Ele vai começar a temporada como reserva, né? O Mbappé acabou de ser contratado, e ele não vai tirar posição do Rodrygo e do Vinicius logo de cara. Aí é questão de ir jogando para provar o seu futebol”, defende.
Em campo, Leal acredita que Ancelotti irá utilizar Endrick mais centralizado no ataque, mas sem ser um centroavante de muito contato físico, como é o Joselu, ou atuando como referência na grande área, como foi o Benzema.
Para ele, o jogador terá mais versatilidade para atuar pelas laterais, em velocidade. “Ele vai ser um jogador que joga centralizado, mas que se movimenta muito para os lados, troca de posição, vem de trás, às vezes carregando a bola para chegar. Eu também não duvido que ele tente o Endrick jogando de lado”.
Nessas circunstâncias, Ubira acredita que Endrick pode atuar como reserva do Rodrygo, pelas similaridades no estilo de jogo. “Eu imagino que ele tenha o Endrick como opção ao Rodrygo, dependendo do cenário de como o Rodrygo vem jogando”.
Em relação ao Joselu, Endrick pode ter dificuldades na disputa pela reserva, uma vez que o jogador espanhol já é mais experiente e está há mais tempo no clube. “O Joselu é um centroavante, ali, que ajuda quando precisa de uma pressão na área, para trombar, para fazer um pivô, você vai ter isso com ele”, afirma Ubiratan.
Mesmo com essa vantagem, Ubira acredita que o potencial do brasileiro o coloca em vantagem contra o atacante espanhol, principalmente em partidas onde seja necessário poupar jogadores ou cobrir alguém suspenso. “O Endrick é mais jogador que o Joselu, eu imagino que em alguns momentos o Endrick seja até preferido em jogos no segundo tempo”.

Endrick no centro de treinamento do Real (Foto: Instagram/Endrick)
A estreia do jogador pode ocorrer no dia 14 de agosto, quando o Real Madrid joga a final da Recopa Europeia contra a Atalanta – ITA, campeã da Europa League, ou nos amistosos de pré-temporada. Até lá, ele disputa a Copa América nos Estados Unidos, pela seleção brasileira, e poderá descansar durante as Olimpíadas, já que a equipe de futebol masculino não se classificou.
