Um jeito inovador em vender bebidas vem ganhando espaço em toda cidade, principalmente na comunidade jovem.
por Ana Gabriela Bezerra
Os bares e botecos são pontos de encontro para vários tipos de público, desde jovens aos mais velhos, que buscam por descontração após a jornada de estudos ou de trabalho. Uma nova modalidade de bar que vem crescendo pela cidade, principalmente após a pandemia. São chamados por seus proprietários e frequentadores de “disks”. Muito populares entre o público jovem, podemos encontrá-los facilmente em diversas vilas de Bauru, contrastando com os tradicionais bares de bairro.
Em pequenos espaços fechados por portões de grade, onde há uma pequena abertura na qual se consegue fazer o pedido, são comercializados diversos tipos de produtos, como carvão, gelo, bebidas alcoólicas, assim como o famoso “copão”, drink alcoólico em que se usa energético e whiskey, além de outras misturas a depender do sabor escolhido pelo freguês. Também há o serviço de entrega desses produtos, por isso do nome “disk”.

Eles vêm atraindo o público jovem, especialmente nas periferias bauruenses, servindo como um momento de lazer para encontrar os amigos em rodas de conversas regadas aos “copões”, ao funk e ao narguilê — espécie de tabaco flavorizado que também tem se tornado muito comum no Brasil.
Atendente do disk “Império da cerveja”, localizado na Vila Falcão, bairro mais antigo de Bauru, Jaqueline Arruda Gomes, 19, conta um pouco sobre a rotina de trabalho em seu estabelecimento, inaugurado há dois meses por seus sogros.
“Hoje em dia, prefiro trabalhar no meu próprio disk porque é mais vantajoso do que CLT”. Para ela, uma das possíveis causas da popularização desse tipo de estabelecimento no pós-pandemia se dá ao fato de que “o disque é um negócio mais seguro, porque fica a gente aqui dentro seguindo as leis e tudo [sic] e conseguindo atender ao público porque era difícil ir no mercado e comprar as coisas”.
No seu comércio, ela afirma que o que mais vende são todos os tipos de bebidas, fazem espetinhos nos finais de semana para atrair o público e conta animada que, de segunda a segunda, “dá bastante gente! Durante a noite, em todas as noites, o fluxo é bastante alto!”. Com relação à faixa etária de seus clientes, ela falou que varia muito “tem jovem, tem idoso”, mas é categórica ao dizer que quem frequenta mais é o jovem.

Segundo Jaqueline, “isso realmente acontece! [os disques] Estão muito mais voltados para a tabacaria, para essas coisas relacionadas, bebidas, disques, e os bares tradicionais, os botecos, realmente são só para quem gosta mesmo”.
No mesmo bairro, um pouco mais distante, encontra-se o “Bar do Cidão”, ponto comercial com mais de 30 anos e administrado pelo comerciante, Aparecido Gomes dos Santos, que trabalha no setor de bares e restaurantes desde 1976, quando ainda tinha 18 anos e era atendente na extinta casa de sucos e lanches Frutal Lima, que se localizava no centro de Bauru, ao lado do colégio São José.
O “Bar do Cidão” é o tradicional bar de vila, reunindo uma freguesia fiel, cadeiras e mesas nas calçadas, caixas de bebidas à mostra no meio do salão, a placa de “fiado, aqui não”, doces e salgados típicos como coxinha de carne, frango e o bolovo, compõem a imagem que geralmente se tem de um boteco.

No entanto, Aparecido diz que houve muitas mudanças no setor desde que ele começou, recorda que “muitos alunos saíam da escola e iam comer lanche”, ainda lamenta que “de primeiro, a gente ganhava muito dinheiro, agora tá meio difícil, mesmo vendendo os mesmos produtos de sempre”. Ao ser questionado se uma das possíveis causas para essa redução dos lucros, seria por conta dos disques, Aparecido concorda, mas mesmo assim se mostra otimista e responde ao ser perguntado se esses disques substituirão esses bares de vila, ele afirmou que “os perfis dos públicos que frequentam cada lugar é muito diferente”.
A atendente do Império da cerveja discorda. Ela acredita que daqui dez anos os disques serão a maioria e o público de hoje ainda permanecerá fiel a esse tipo de estabelecimento.
