Métodos para acabar com o racismo são estudados. Professores e profissionais
nas escolas estão recebendo treinamento para que estejam capacitados a enfrentar casos evidentes de racismo entre alunos dentro da escola.
Por Antonio Vitor
A busca por inclusão e igualdade racial na educação está, cada vez mais, no centros das discussões. Desde políticas de inclusão até programas específicos de apoio, instituições educacionais estão se esforçando para criar um ambiente onde todos os alunos, independentemente da cor da pele, tenham as mesmas chances de sucesso.
As escolas e as universidades têm o foco de ensino aos jovens alunos de diversas idades, mas para lidar de forma mais eficaz com questões relacionadas à diversidade racial, professores e funcionários têm recebido capacitações por meio de palestras, treinamentos e workshops. A instituição deve se sensibilizar para que aqueles profissionais saibam como lidar com casos claros de discriminação racial que pode haver dentro do ambiente escolar.
Sabe-se que grande parte dos profissionais ainda não estão preparados para lidar com casos de racismo dentro da sala de aula, tendo em vista que em certos pontos, o racismo acaba partindo do profissional.
Nesse âmbito, a estudante do 3° semestre de Jornalismo, Rebeca Elias, destaca que o racismo começa sempre na escola. “A criança não tem filtro e reproduz o que o adulto fala. Por volta da quarta série, eu tinha uma professora que pegava muito no meu pé por causa da cor da minha pele. Eu era tratada diferente de todos por conta disso. Falava com minha mãe sobre esse assunto, mas infelizmente toda semana ela tinha que ir para a escola por conta da professora. Por mais que eu fizesse tudo, toda semana era bilhete para minha mãe e alguma reclamação diferente”.
Com treinamento adequado, essa realidade não será vista com o passar dos anos. Pelo menos é o que se espera.
Em outro ponto de vista, pessoas de fora do ambiente educacional não esperam ver pessoas negras dando aula. Deise, uma mulher negra e professora de Sociologia e Filosofia da escola EMI – Ana Franco da Rocha Branco, de Jaú, comenta um caso de racismo que viveu.
“Eu já lecionava há alguns anos quando um dia me perguntaram onde eu trabalhava, e então afirmei que era em uma escola. Logo em seguida, a mesma pessoa perguntou: como é ser faxineira na escola? Sem entender, rebati dizendo: não trabalho na área de limpeza, sou professora de Sociologia. A pessoa que perguntou ficou sem reação e apenas saiu andando. Não entendi muito bem, mas tenho certeza que naquele momento eu sofri um caso claro de racismo.”
Desde a aprovação da Lei 12.711 de 2012, que reserva 50% das vagas em universidades federais para alunos de escolas públicas, com uma parcela específica destinada a estudantes negros, pardos e indígenas, houve um aumento significativo na presença de pessoas negras no ensino superior. Esta política visa não apenas aumentar o acesso, mas também garantir que os espaços acadêmicos reflitam a diversidade da sociedade brasileira.

Alunos de universidade pública(Foto: Artur Andrade/Jornal Contexto)
Além das cotas raciais, outras iniciativas têm sido fundamentais para promover a inclusão de estudantes negros no ensino superior. Programas de bolsas de estudo, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), oferecem vagas em instituições privadas com isenção total ou parcial das mensalidades para estudantes de baixa renda, muitos dos quais são negros. Ou também, o SiSU (Sistema de Seleção Unificada), um processo seletivo do Ministério da Educação (MEC) que disponibiliza vagas em cursos de instituições do ensino superior público.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a porcentagem de jovens negros entre 18 e 24 anos que frequentam o ensino superior aumentou de 5,5% em 2005 para 14,6% em 2019. Este crescimento demonstra o impacto positivo das políticas de cotas, embora ainda haja muito a ser feito para atingir a plena igualdade.
As oportunidades para pessoas negras nas escolas e universidades brasileiras têm aumentado, graças a políticas afirmativas e iniciativas de inclusão. No entanto, a luta por uma educação igualitária continua. O compromisso contínuo das instituições educacionais e da sociedade como um todo é crucial para enfrentar os desafios persistentes e garantir que todos os estudantes tenham as mesmas oportunidades de alcançar seu pleno potencial.
Ao promover a inclusão e combater o racismo, o Brasil estará não apenas corrigindo injustiças históricas, mas também construindo uma sociedade mais justa, rica e diversa. A educação, como instrumento de transformação social, deve ser acessível a todos, refletindo a verdadeira diversidade e potencial do povo brasileiro.
