Nascido em Botucatu, o cantor e compositor, que se inspira na música brasileira, tem feito sucesso dentro e fora das redes sociais.
Por Sofia Caldas
Natural de Botucatu, interior de São Paulo, Tom Ribeira é uma das mais novas promessas da música brasileira. Prestes a lançar seu primeiro EP, o artista já se apresentou em teatros históricos de Paris, como La Cigale e Elysée Montmartre. Tom já passou, também, por diversos estados brasileiros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Paraíba e a lista continua…
Apesar da música estar presente em sua vida desde muito cedo, foi durante a pandemia que o artista começou, de fato, sua carreira. “Comecei postando despretensiosamente vídeos interpretando músicas que me tocavam de alguma maneira e que me ajudavam a seguir firme naquele momento sombrio que passamos como humanidade, principalmente como brasileiros”, diz Tom.
A partir dessas postagens, foi se criando, ao redor do cantor, uma comunidade formada por pessoas que se conectaram, talvez por nostalgia, ou alívio, segundo ele, às suas interpretações. Atualmente, Tom acumula cerca de 230 mil seguidores no Instagram.

Tom Ribeira em se apresentando em show. (Foto: Divulgação)
Com o fim do confinamento, Ribeira iniciou suas primeiras grandes apresentações. O cantor rodou o Brasil com shows de voz e violão, que continham as interpretações de antes e também músicas autorais.
Rodeado por uma família bastante consumidora de música, a vida artística de Tom foi muito influenciada por sua criação. A partir do radinho de seu avô, onde tocavam sertanejos, boleros e muito samba raiz, passando por seus pais, que ouviam e cantavam muito da antiga MPB, e através do mp3 de seu irmão mais velho, sempre recheado de “surpresas incríveis”, desde Tom Zé, Astor Piazzolla até Planet Hemp, Ribeira adquiriu um vasto vocabulário musical, que utiliza para compor sua próprias músicas hoje em dia.
Foi também em seu meio familiar que Tom teve seu primeiro contato com o violão, grande aliado de suas composições e apresentações. Seu tio, Osni Ribeiro, violeiro que compõe música caipira e regional, o ensinou a tocar “Pra não dizer que não falei das flores”, música que pode ter sido o início da paixão de Tom pelo instrumento, segundo o cantor.
Tom nunca teve muita certeza do que faria mais tarde. Quando criança, sonhava inocentemente com diversas profissões. Já quis ser médico, lixeiro e bombeiro. Mais tarde, psicologia e nutrição também estavam em seu radar, mas foi com uma viagem à França que a música chamou o cantor.
No ano de 2021, Tom fez um voluntariado na França. Levando apenas um violão e uma mochila, o cantor decidiu conhecer outras culturas e idiomas e trocava sua estadia e alimentação por trabalhos do dia a dia. Durante a viagem, o artista encontrou diversos artistas da cena do Rap e da nova música francesa, além de muitos profissionais da música, brasileiros e estrangeiros, que atualmente trabalham com ele em seus primeiros projetos.
Foi a partir dos encontros e experiências vividas na França que Tom percebeu o que queria fazer da vida: espalhar sua admiração pela música brasileira e latino americana, não só através das redes sociais, mas também pelos palcos do mundo. “A música sempre esteve lá, mas faltava algo para me escancarar essa porta”, diz o artista sobre sua caminhada profissional com a música.

Tom Ribeira no prêmio Multishow 2023 (Foto: Divulgação)
Tom faz parte do que se pode chamar de “nova MPB”, termo que consegue abarcar muitos tipos de música, incluindo o Funk, Pop leve e Rap. Marcada pela renovação do estilo, essa categoria não coloca o MPB como algo velho; seus artistas são influenciados pela “MPB tradicional”, mas também trazem outros ritmos em suas composições.
“Mesmo sem saber exatamente que movimento é esse, me identifico como um participante dele, por resgatar linguagens do passado e vesti-las com jeitos de falar e produzir atualizados”, diz o cantor.
Para Marina Longhitano, estudante de Jornalismo da Unesp, o melhor desse estilo musical é que ele possui uma grande valorização da brasilidade. “Os artistas que eu mais ouço misturam bastante os ritmos e vira uma coisa bem Brasil mesmo, sabe?”, diz a estudante. Além disso, letras que conversam mais com sua geração são grande destaque para ela, quando se fala de nova MPB.
É ao lado de Jão, Gilsons, DudaBeat, Mari Merenda, Thomé, Arthur Diniz e muitos outros artistas, que Tom completa essa nova cena da música brasileira. Para ele, há muito orgulho em fazer parte dessa leva que é rica e bonita da música popular do Brasil. O artista se diz muito ansioso para ver “onde isso vai dar” e diz que “num mundo cada vez mais distante de qualquer tipo de humanidade e igualdade social, é uma esperança ver gente trilhando um caminho cheio de riquezas.”
Longhitano também se anima com esse crescimento. “Eu espero que a nova geração da MPB venha com mais força a cada dia, ganhando atenção e resgatando a musicalidade única do nosso país”, afirma a estudante. Além disso, ela diz que sente falta das bandas dos anos 90 e 2000 e da sensação de pertencimento que elas proporcionavam, fato esse que renasce agora com essa nova etapa da música brasileira.
Recentemente, Tom se apresentou durante o Prêmio Multishow, ao lado Thomé, Luan Carbonari e João Mathias na apresentação de Jão. Ainda em 2024, o cantor e compositor botucatuense lançará seu primeiro EP, conjunto de singles que irá percorrer uma temática romântica, levemente sofrida e exageradamente amorosa.
