Os melhores tenistas do mundo competiram nas últimas duas semanas em Paris pela “taça dos mosqueteiros”, a maior glória para os tenistas na terra batida.

Por João Pedro Coelho

Na chave masculina, o jovem espanhol Carlos Alcaraz se sagrou campeão neste domingo (9), e se tornou o jogador mais jovem a conquistar ao menos um Grand Slam em cada superfície. O êxtase veio após uma partida parelha contra o alemão Alexander Zverev, atual número 4 do mundo, derrotando-o com parciais de 6×3, 2×6, 5×7, 6×1 e 6×2.

A partida teve duração de 4 horas e 19 minutos, repleta de altos e baixos enfrentados pelo campeão, que se viu perdendo por 2 sets a 1 após deslizes no terceiro set, mas foi capaz de se recompor e conquistar seu terceiro Grand Slam.

Até a semifinal, o espanhol avançou com facilidade, perdendo apenas um set na trajetória até as últimas duas partidas. Dali em diante, encontrou maiores dificuldades e precisou levar as duas últimas disputas ao quinto set. Após a conquista, o tenista de 21 anos assumirá a segunda colocação no ranking de tenistas masculinos, e agora foca em defender seu título na grama de Wimbledon.

Momento em que Alcaraz é campeão (Foto: Roland Garros/Divulgação)

Já na competição feminina, a polonesa Iga Swiatek conquistou o saibro parisiense pela quarta vez tendo apenas 23 anos de idade. A tenista avançou pelas duas semanas de maneira tranquila, e cravou sua soberania em Roland Garros. Na final, enfrentou Jasmine Paolini, tenista italiana de 28 anos, atual número 15 do ranking feminino e a derrotou por 6×2, 6×1.

O único set perdido pela polonesa foi na segunda rodada do torneio, na única partida onde realmente se encontrou em apuros. O jogo foi contra a ex-número 1 do mundo Naomi Osaka, tenista japonesa que voltou às quadras buscando retomar o alto nível. Na partida Osaka chegou a ter o match point, mas Iga foi resiliente e triunfou sobre a adversária para avançar e conquistar o torneio.

Mas não só das finais é feita a competição, e as duas semanas de Roland Garros foram recheadas de ação e história dentre os jogadores. A começar pelo novo número um do ranking masculino de tenistas, Jannik Sinner (21).

Desde setembro de 2023, Sinner apresenta um nível sonoro de tênis e vem empilhando títulos a partir de então, inclusive o Australian Open 2024. Com a desistência de Novak Djockovic -até então líder do ranking- nas quartas de final com uma lesão no joelho antes mesmo de enfrentar seu adversário Casper Ruud, o sérvio não foi capaz de defender seus pontos em solo parisiense e Jannik se tornou o primeiro italiano a atingir o topo do ranking na história.

Desde 2004 o “big four”, formado por Federer, Nadal, Djockovic e Murray,não havia perdido dois Grand Slams em sequência. Além disso, se combinados somam exatamente 19 anos no topo do ranking masculino de simples. Hoje, Jannik Sinner de 22 anos e Carlos Alcaraz de 21 encabeçam o ranking e conquistaram os dois primeiros Grand Slams de 2024.

Para o comentarista da ESPN entrevistado pelo Jornal Contexto, André Ghem, mesmo para as lendas do tênis, sonhar com mais de 20 Grand Slams parecia impossível, e que portanto não se pode planejar. Além disso, o ex-número 118 do mundo em simples e 88 nas duplas citou a dificuldade de estabelecer domínio no circuito: “A análise de todo tipo de dado hoje é muito avançada, tornando a distância entre jogadores cada vez menor, sendo mais difícil uma hegemonia duradoura”.

Outro ponto importante é que este ano Roland Garros teve a maior participação brasileira em 36 anos, com 6 brasileiros nas chaves de simples, sendo eles Bia Haddad Maia, Laura Pigossi, Gustavo Heide, Thiago Monteiro, Felipe Meligeni e Thiago Monteiro além de mais 6 disputando nas duplas representadas por Luisa Stefani, Ingrid Martins, Thiago Wild, Marcelo Melo, Rafael Matos e Fernando Romboli.

Embora em grande quantidade, os brasileiros foram eliminados logo nas primeiras rodadas mesmo com desempenhos a nível de Grand Slam. Em entrevista ao Jornal Contexto, o ex-número 76 do ranking masculino de simples e 43 de duplas, Tomas Behrend, comentou: “estando na chave principal de Paris você já faz parte da elite do tênis mundial, são só 128 jogadores”.

O brasileiro naturalizado alemão reforça como alcançar a classificação para Roland Garros é um grande feito e merece elogios, e agora para o resto do ano espera que os atletas se mantenham focados em permanecer evoluindo, “espero que continuem trabalhando forte nas coisas boas e procurando soluções para os problemas, isso é o que importa”.

Bia Haddad em Roland Garros (Foto: WTA/Divulgação)

Por fim, o maior campeão da história de Roland Garros, Rafael Nadal, foi eliminado também na primeira rodada pelo finalista Alexander Zverev. O espanhol com o distante recorde de 112 vitórias e apenas 4 derrotas, somente no Grand Slam Francês, pode ter pisado na quadra Philippe-Chatrier pela última vez disputando o Aberto da França.

O 22 vezes campeão de Grand Slams vêm sofrendo com lesões e problemas físicos, que sugerem que esta seja sua última temporada como tenista profissional. Antes disso, Nadal busca mais uma conquista no saibro francês, o ouro olímpico, inclusive somando forças nas duplas com seu compatriota Carlos Alcaraz.

Para Thomas Behrend, esse é o momento ideal para a aposentadoria do espanhol. “Ele já fez muito por ele e pelo tênis mundial, acho que deveria se retirar enquanto ainda está mais ou menos bem”. Thomas sugere que não se afaste do esporte no futuro, seguindo como treinador ou comentarista, mas admite que está na hora de outras prioridades, “ele tem uma boa família, é pai agora, então espero que se aposente para cuidar da família e saúde”.

Rafael Nadal se despede do torneio (Foto: Roland Garros/Divulgação)

Deixe um comentário