A volta por cima da poetiza torturada do pop

Do término ao sucesso: Taylor Swift destaca os obstáculos da vida adulta e como foi fazer uma turnê mundial de coração partido em seu novo álbum.

Por Marcela Jardim

Dois anos após a estreia do álbum Midnights, Taylor Swift lança um projeto completamente inédito, com esclarecimentos sobre o término com o ator britânico Joe Alwyn, o fim do breve envolvimento com o cantor Matty Healy e até mesmo seu relacionamento com o atual campeão do Super Bowl, Travis Kelce. Além de revelar os desafios que enfrentou durante a The Eras Tour, o novo álbum conta com um estilo musical completamente diferente dos anteriores apresentados pela artista.

Intitulado de The Tortured Poets Department (O Departamento dos Poetas Torturados), o décimo primeiro álbum de estúdio da loirinha, como a cantora é chamada pelos fãs, foi anunciado durante o Grammy Awards, a maior premiação da indústria musical, no dia 4 de fevereiro. De início, o disco foi divulgado para o dia 19 de abril com o total de 16 faixas, porém no mesmo dia a artista disponibilizou uma antologia do álbum, totalizando 31 músicas inéditas.

The Tortured Poets Department foi muito bem recebido pelos swifties, fãs da diva pop, e pelos críticos, estrelando no Hot Top 100 da Billboard, ocupando as 10 primeiras posições e com todas as faixas principais no ranking. No dia 21 de abril, o single Fortnight, com a colaboração do rapper americano Post Malone, ganhou um clipe com uma superprodução e contou com a participação de grandes nomes do audiovisual, como Ethan Hawke e Josh Charles, ambos protagonistas do clássico “Sociedade dos poetas mortos”.

“Achei muito bem produzido, apesar de ser fã dos clipes da Taylor com uma história mais delimitada”, comentou Arquelana, nome artístico de Ana Maria Mendes, escritora brasileira e fã da cantora desde 2013. O fandom de Taylor teoriza que ainda virão mais obras visuais, mas ainda não há nada confirmado. “Para os próximos, espero o mesmo nível de subjetividade, takes preto e branco e muitas referências a outros álbuns e clipes”, confessou a autora. O feat com Florence and the Machine em Florida!!! abalou a internet mas não há previsão de videoclipe.

Todas as faixas apresentam um tom melancólico ou apaixonado, mas umas impactaram os ouvintes mais do que outras, exatamente por retratarem a tristeza do fim de um relacionamento com tanta emoção e particularidade. Para Jéssica Cardoso, influencer e swiftie há mais de uma década, suas músicas preferidas foram loml e So Long London. “No momento que eu ouvi eu conseguia sentir a tristeza dela e aquilo me quebrou. As coisas que ela escreveu, além de poéticas, são lindas e tristes. E como ela consegue transformar algo tão triste em algo tão bonito ao mesmo tempo?”.

So Long London é a track 5 da discografia e em todos álbuns Taylor Swift escolhe a quinta faixa para ser a mais profunda e seu desabafo pessoal, gerando alta identificação com os fãs. “De todas as músicas, foi a que pareceu uma noite de tempestade prestes a ruir na minha cabeça – da melhor maneira possível. Vivi uma situação parecida com o que li na letra, e ser reconhecida, ter meus sentimentos validados pela arte é uma conexão profunda que nem sempre acontece”, contemplou a escritora paulista.

Desde country, passando pelo pop até o indie folk, Taylor Swift é bem versátil quando se trata de estilo musical. Mesmo que parte dos críticos considerem tais mudanças inconstantes, a passagem por novos gêneros agrada aqueles que acompanham a cantora americana. “Uma das coisas que eu mais amo na Taylor é a capacidade de se reinventar”, afirmou Arquelana, “Amo o dom de composição que ela trouxe no álbum novo e amo como as produções se tornam metalinguagens das próprias letras”, complementou.

O grande diferencial da loirinha em relação às outras divas pop é o alto nível de identificação de seus fãs e ouvintes. Suas composições são conhecidas por retratar as várias fases da vida de uma pessoa, além dela mesma produzir todas suas músicas, aproximando aqueles que a acompanham.

Jéssica falou um pouco sobre esse vínculo com a ídola. “O meu negócio com ela é mais profundo em relação às letras que me pegam muito, porque parece que tudo que eu já passei na minha vida e que eu já vivi tem alguma música dela que eu possa me relacionar. As vezes quando eu estou muito mal e eu escuto uma música que descreve exatamente aquilo que eu sinto e me faz transbordar aquele sentimento e me sentir muito melhor”.

A The Eras Tour, maior turnê da história com 2 bilhões de dólares arrecadados, sofreu mudanças em seus atos após a chegada do novo álbum. Algumas eras foram encurtadas e músicas como The Archer, Long Live e Tolerate it deixaram a setlist oficial do show. O ato de The Tortured Poets Department conta com sete canções: But Daddy I Love Him, So High School, Who’s Affraid Of Little Old Me, Down Bad, Fortnight, The Smallest Man Who Ever Lived e I Can Do It With a Broken Heart.

Mesmo com apresentações super produzidas e com três novos figurinos, os fãs sentiram falta de algumas músicas na performance. “Pra mim ficou faltando So Long London, pelo menos, e também My Boy Only Breaks his Favorite Toys e loml, mas eu já imaginava que não ia ter. So Long London eu tinha certeza absoluta que ia ter”, confessou a blogueira de Brasília.

“Nossa, eu tô apaixonada, gente, eu tô, assim, desesperada pra assistir de novo ao vivo, e eu só queria que ela colocasse, assim, toda fã vai querendo, a gente nunca vai ter esse tempo sem todas as músicas que a gente quer ouvir”, concluiu Jéssica.

As coreografias da décima primeira era são muito elaboradas e contaram apenas com poucos meses de ensaio da cantora e dançarinos. “Achei interessante que na coreografia de I Can Do It With a Broken Heart ela tenha decidido fazer um mashup das coreografias da The Eras, como uma maneira de dizer que durante a tour ela estava miserável. Inteligente. E também um toque nos fãs ao cantar para eles a própria letra de But Daddy I Love Him.”, elogiou a autora de ‘Querida Penélope’ e ‘Operação Paddock’.

Após dois meses de seu lançamento, The Tortured Poets Department continua em destaque e quebrando recordes. Algumas edições especiais do álbum ainda estão sendo lançadas, com versões acústicas de algumas canções. Taylor Swift não está sempre nas mídias por acaso, a cada dia a cantora mostra os motivos de ser aclamada como Indústria da Música, com uma carreira consolidada e admirada por milhões de pessoas ao redor de todo o mundo.