O afastamento do prefeito e do secretário da Fazenda provoca crise política no município

Por Marina Longhitano Campos

Em fevereiro deste ano, após decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, o então prefeito Vanderlei José Mársico e seu secretário da Fazenda, Carlos Fernando Montanholi, foram afastados por 90 dias devido à investigação de improbidade administrativa e dano ao erário, ou seja, atos contrários à regularidade da administração pública.

O desequilíbrio financeiro de Vanderlei na construção da nova sede da prefeitura, por exemplo, teve consequências negativas como o atraso de outras obras públicas, atraso no pagamento de salário dos funcionários da prefeitura, no repasse de verba para as instituições do município (APAE, Casa Abrigo, Santa Casa de Misericórdia, Hospital de Olhos) e também a falta de clareza sobre a contabilidade da cidade.

O vice de Vanderlei, Luiz Fernando Coelho da Rocha, assumiu a função de Chefe do Executivo no dia 28 de fevereiro. No entanto, renunciou ao cargo no primeiro dia do mês de abril.

Nos últimos oito anos, a cidade do interior paulista viveu focada na realização de obras de alto custo, e não no investimento de setores básicos para a população como saúde, educação e transporte.

“O dinheiro recebido, ele investe na construção e na compra da atual prefeitura, que foram muitos milhões. Essa reforma é baseada em porcelanato, em coisas de alto custo. Então, nós chegamos nessa situação, porque o investimento dele não foi na saúde, educação, transporte e com o que era básico . É que nem uma casa, dependendo do seu ganho, você tem que ter um gasto, e ele extrapolou, né? Só que depois da pandemia, os recursos diminuíram”, explica Mirian Ponzio, vereadora da oposição a Vanderlei.

Foto: redes sociais de Mirian Ponzio

Quando questionada sobre a motivação da renúncia, Mirian responde: “acho que os dois [Vanderlei e Luiz Fernando] são coniventes, os dois sabem de toda a situação precária que o executivo e a cidade estão, por isso acho que ele está pedindo afastamento, porque ele não vai querer segurar a bomba sozinho.”

Na quinta-feira, 4 de abril, a Câmara Municipal realizou uma eleição suplementar para preencher a presidência do Legislativo e, consequentemente, a vaga de Chefe do Executivo. Os 15 vereadores da cidade deveriam votar entre dois candidatos: Luciano José de Azevedo e Mirian Ponzio. Assim, foi definido que o novo prefeito de Taquaritinga, pelos próximos 90 dias (com direito a prorrogação) seria Luciano.

Apesar de não contar com a participação direta da população, a votação, que foi transmitida pelas redes sociais, teve grande repercussão e dividiu opiniões.

Na última segunda-feira (15), o Tribunal de Justiça negou o pedido de Mário Luiz Sarrubbo por uma intervenção estadual no município. Tal ação ocorreu pois, como supõe a Lei Orgânica, Taquaritinga tem, agora, como prefeito, o presidente do Legislativo. Assim, com os atrasos sendo regularizados, não haveria razão para tal intervenção.

“A situação está caótica. Você anda com essa dengue toda espalhada, então é um município descuidado”, completa a vereadora Mirian.

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