Uso de esteroides anabolizantes afeta saúde e comportamento de atletas jovens

Por Rafael Prudente

Nos últimos anos, o fisiculturismo vem ganhando relevância entre a juventude, com diversos conteúdos sobre o assunto sendo criados pelos influenciadores digitais da área, levando muitos jovens às salas de musculação.

“O aumento dos jovens na academia se dá muito pelo acesso à informação, então hoje em dia nós temos a internet ao nosso favor que acaba abrangendo o nível de informação que os jovens e toda a população conseguem ter”, explica o personal trainer Guilherme José Gasparini Fazzio

Considerado um esporte de alta intensidade e praticado por aqueles que querem ir além do esforço físico, pois também possui uma importante participação psicológica, as restrições alimentares e a constância causam enorme desgaste aos atletas.

Dentre os assuntos que permeiam o fisiculturismo, o uso de esteroides anabolizantes para o ganho de massa é um dos mais polêmicos por seus malefícios à saúde, sendo uma discussão constantemente travada entre os naturais, denominação para atletas que não fazem uso de anabolizantes, e os não naturais.

Ainda assim, o esporte é majoritariamente composto por atletas que utilizam de hormônios e estimulantes para ganhos de massa muscular, que além das consequências graves de saúde causadas em adultos, geram efeitos, as vezes irreversíveis, para os jovens.

“Existem vários tipos de distúrbios gerados pelo uso exacerbado de anabolizantes, como o aumento da ansiedade, depressão, síndrome do pânico, dentre outros. Além daqueles fixos, destrói a fertilidade da pessoa, causa problemas no coração, nos rins, no fígado e problemas de comportamento”, alertou Marcio Magnani, educador físico, pela Unesp, e nutricionista pela Universidade Claretiano.

Diversos são os casos de fisiculturistas que morreram por consequência do consumo de anabolizantes. Um dos mais recentes, que repercutiu na mídia, o de Jo Lindner, atleta de apenas 30 anos, que teve um aneurisma cerebral em decorrência dos esteroides, em junho de 2023.

“Eu saí do esporte porque fiquei cansado de ver pessoas com a ‘casca’ bonita e podre por dentro, não queria mais participar daquilo, daquela destruição da saúde”, contou Marcio.

Os médicos continuamente desincentivam o uso de esteroides anabolizantes em jovens que tratam o esporte como hobby, pois não possuem o devido acompanhamento para a utilização desses, enquanto muitos da área do fisiculturismo apoiam a utilização, alegando saberem dos riscos.

“Não tem benefício nenhum utilizar esteroide sem a indicação direta para a sua saúde, visto que um jovem de 16 até 28 anos, tendo uma rotina saudável, tem total possibilidade de ter um físico sensacional e acima da média se controlar as vertentes nutricionais e as rotinas de treinamento”, explicou Marcio.

Hoje o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe o uso de terapias hormonais para ganho de massa muscular ou fins estéticos. Além disso, existem federações de fisiculturismo que apoiam o segmento natural, como a INBA (Associação Internacional de Culturismo Natural), criada especificamente para competições entre atletas naturais, visando melhora da saúde e do espírito esportivo sem o uso de drogas prejudiciais, segundo a filiação. Uma recomendação para aqueles que querem se tornar atletas sem colocar sua saúde em risco.

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