Álbum de Black Alien, ex-integrante do Planet Hemp, que completa cinco anos, traz melodias que misturam o jazz e o blues

Por Leonardo Quinalha

O último álbum do rapper brasileiro Black Alien, Abaixo de Zero: Hello Hell, completa 5 anos nesta sexta (12). O artista, de grande importância para o gênero do rap no Brasil, faz uma análise da sobriedade em seu último trabalho.

O rapper Gustavo de Almeida Ribeiro, conhecido por seu nome artístico Black Alien, participou do famoso grupo musical Planet Hemp, que ficou célebre por defender a descriminalização da maconha nos anos 2000, e se mantém como um dos maiores do gênero boom bap, sendo referência na cena em 1993, 2004, 2015 e também recentemente no seu último trabalho em 2019.

Verso da capa da versão de vinil do álbum (Fonte: Reprodução)

Verso da capa da versão de vinil do álbum (Fonte: Reprodução)

Em seu último álbum, ele constrói nove faixas que expressam sentimento não só na música mas também em toda a construção do álbum, desde as cores da capa até as letras das canções e lírica. Aqui ele se permite até um lovesong sobre uma base inspirada no Kanye West do começo, na faixa de maior sucesso do álbum, Vai Baby, e utiliza uma sample de soul com a voz da cantora num pitch muito alto.

Assim como outros grandes nomes que marcam o gênero como Sabotage, Racionais MCs e seu amigo Marcelo D2, Black Alien se mantém como exemplo para rap inovando nas ideias pois é com Abaixo de Zero que Black Alien faz sua afirmação musical mais consistente desde 2004, despejando uma sinceridade afiada sobre um tema pouco explorado pelo rap brasileiro: a sobriedade.

Black Alien em foto de divulgação de show remoto na época da pandemia  (Fonte: Roncca)

Black Alien em foto de divulgação de show remoto na época da pandemia (Fonte: Roncca)

Para o produtor musical independente Pedro Vilela, conhecido como Trick 969, de Campinas, Gustavo é inspiração para muitos, suas músicas marcaram e influenciaram a vida de muitos. “Seu álbum Abaixo de zero influencia muito para quem realmente gosta do gênero e sempre procura coisas novas, um tipo de álbum que não envelhece, um álbum que mostra diversas maneiras de se fazer um rap melódico”.

Com ritmos de jazz e blues, Gustavo fez um álbum inteiro sobre como é a vida longe do álcool e da cocaína, mas não sobre as delícias da sobriedade, já que potencialmente elas não existem, ou sobre a superação de uma fase ruim, mas sim de relatos dolorosamente líricos acerca da batalha interna e eterna de um viciado em recuperação.

O artista conta que em seu processo de recuperação do vício se sentia abaixo de zero, porém não considera como algo ruim e sim como um momento de se encontrar se auto realizar.

“As faixas do álbum inspiram para criar diferentes maneiras de se construir uma base musical”, pontua Trick 969. Para muitos, Gustavo e sua obra são uma inspiração e para o próprio artista o álbum retrata uma luta para se tornar uma pessoa melhor a cada dia que se passa.

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