Com expectativas de um thriller “não convencional”, longa estrelado por Jason Statham se assemelha a outros filmes do gênero (Foto: Diamond Films)
Matheus Santos
É impossível não associar Jason Statham a filmes de ação. Embora seus personagens muitas vezes sigam arcos previsíveis, dada a sua tendência de interpretar protagonistas destemidos prontos para fazer justiça com as próprias mãos, em Beekeeper – Rede de Vingança, a previsibilidade se revela como o maior trunfo do longa.
O roteiro de Kurt Wimmer assemelha-se a histórias já conhecidas e frequentemente copiadas até o esgotamento no Cinema. Não se engana quem percebe a similaridade entre a saga John Wick e o ‘zangão’ interpretado por Statham; ambos são forçados a retornar às origens do que haviam abandonado. A diferença aqui reside na narrativa forçada sobre como as abelhas são capazes de ferroar insensivelmente para proteger sua colmeia. No entanto, embora Wimmer se perca em chavões insistentes, explorando diálogos genéricos, a obviedade da cena de ação seguinte nos instiga a continuar assistindo ao filme.
As cenas de combate conseguem manter a atenção do público, oferecendo a promessa de confrontos intensos, no entanto, não conseguem surpreender (Foto: Diamond Films)
Para se diferenciar de produções anteriores, o longa-metragem apresenta a busca incansável de Adam Clay (Jason Statham), um apicultor e ex-agente de uma organização secreta, por golpistas que diariamente esvaziam inúmeras contas bancárias pela internet. O objetivo de Clay é perseguir e assassinar brutalmente os responsáveis pela morte de Eloise (Phylicia Rashad), proprietária da fazenda onde ele cria abelhas, e que tirou a própria vida após ser vítima de um golpe milionário.
É interessante observar como o enredo desperta a fúria do personagem com um tema atual, por dois motivos: primeiro, ao evidenciar os bastidores de uma cadeia cada vez mais abrangente no mundo das fraudes virtuais; segundo, ao revelar toda a sequência do filme, o que não impacta negativamente a experiência do filme.
Filho da presidenta dos Estados Unidos, o personagem de Josh Hutcherson desempenha o papel de CEO da empresa associada a golpes virtuais (Foto: Diamond Films)
Wimmer criou um anti-herói que, caso não estivesse ligado às armas ou não pudesse confiar em sua força, poderia facilmente buscar auxílio nas abelhas. Contudo, o roteiro que prometia ser baseado na mitologia da apicultura não possui elementos cativantes, o que é lamentável considerando seu potencial, especialmente devido à tentativa apresentada no início do longa.
Apesar da presença de Jeremy Irons, Josh Hutcherson e Emmy Raver-Lampman, o filme não dedica muito tempo ao desenvolvimento dos demais personagens, e nenhuma atuação chama atenção. Esse talvez seja o principal equívoco do diretor David Ayer. Mesmo tendo dirigido filmes como Marcado para Morrer e Corações de Ferro, nos quais o aprofundamento do enredo aproxima o espectador da ficção ao flertar com a realidade, Ayer preferiu focar em cenas de luta coreografadas que não transmitem outras emoções além do entusiasmo.
O diretor do filme se esforça para concretizar sua proposta de oferecer um entretenimento genérico (Foto: Diamond Films)
Beekeeper – Rede de Vingança carece de originalidade e gera incertezas em diversos aspectos da história, principalmente em relação à enigmática e invencível organização denominada ‘beekeeper’ (apicultor em português), os quais não são elucidados ao final do filme. Com sequências de luta pouco inovadoras e uma montagem questionável, a sorte do longa-metragem é ter Jason Statham como protagonista, desempenhando um papel pouco memorável. No entanto, as lacunas deixadas na trama parecem indicar a possibilidade de serem preenchidas em uma eventual continuação, seguindo a linha narrativa semelhante à abordada em John Wick.
