Os principais motivos que fizeram a norte-americana atingir o topo

Por Clara Sganzerla

São 17 anos de carreira, cinco turnês, 479 prêmios, 1055 nomeações e 10 álbuns. Entre altos e baixos e sendo uma figura volátil na opinião pública, a cantora e compositora Taylor Alison Swift fecha o ano de 2023 com uma fortuna estimada em U$1,1 bilhão de dólares e dona do título ‘pessoa do ano’ pela revista Time. Muitos não entendem o motivo dos fãs amarem tanto suas canções, mas não discutem quanto ao seu talento e sua posição global. Influente até mesmo na economia e na política, é essencial entender: por que Taylor Swift é considerada a indústria da música?

Nascida na Pensilvânia e com raízes no country, a norte-americana abriu as portas de sua carreira com maestria e alcançou, logo em seu terceiro single, ‘Our Song’, a posição número um na Billboard Hot Country Songs. Em seu segundo álbum, Fearless (2008), Swift conquistou seus primeiros quatro gramofones com apenas 21 anos de idade.

Seguimos com lançamentos de peso como Speak Now (2010), Red (2012) e 1989 (2014), que marcaram de vez a transição da cantora para o mundo pop e atingiram altos números de vendas, de Grammy’s e sucesso em níveis mundiais, consolidando Taylor na indústria como a artista do momento. 

Com uma energia jovial e ares Nova Iorquinos, o álbum de seu ano de nascimento mesclou suas experiências pessoais e a confusão de estar em seus 20 e poucos anos em canções dançantes e animadas, tornando ‘Shake It Off’, ‘Blank Space’ e ‘Bad Blood’ número um na BillBoard Hot 100 e rendendo mais três Grammy’s para a coleção de Taylor. 

Taylor Swift no Grammy de 2014 (PHOTO: JASON LAVERIS/FILMMAGIC)

No entanto, sua vida pessoal e amorosa entraram nos holofotes da mídia e, do dia para noite, ninguém passou a se importar tanto assim com seu talento vocal, as letras poéticas e os hits que a loira havia emplacado.

Após uma polêmica envolvendo Kanye West e sua ex-esposa Kim Kardashian, Taylor Swift recebeu diversos ataques de haters em suas redes sociais, que iam de comentários com emojis de cobra até os mais baixos xingamentos misóginos – tudo em razão da versão arquitetada por Kanye e Kim de que a cantora era, atrás dos palcos, uma manipuladora e mentirosa. 

Em 2017, após um hiato de Swift na mídia, a norte-americana lançou seu sexto álbum de estúdio chamado reputation (2017), utilizando os símbolos que marcaram sua queda para seu ressurgimento e contando, finalmente, a história à sua maneira. Em uma turnê mundial que tinha um palco cercado de cobras douradas, roupas escuras e canções que envolviam vingança e karma, Taylor mostrou que nem a mais alta das quedas poderia fazer com que ela caísse no esquecimento.

A partir de então, seus álbuns seguintes e até mesmo suas produções durante a pandemia bateram todos os recordes mencionados acima, alcançando os milhões e o topo com facilidade. Lover (2019), folklore (2020), evermore (2020) e Midnights (2022) possuem estilos totalmente diferentes entre si, mas com um fator em comum: o talento incomparável de Swift em compor e contar histórias. 

Para Luiza Raimundo Martigli, de 24 anos, a cantora consegue pôr em palavras os sentimentos que ela, por vezes, nem sabe identificar. “Cada álbum e cada música foi a trilha sonora de alguma época da minha vida, o que me traz muitas recordações quando eu as escuto, fazendo eu ter muito apego emocional a elas”, afirma a estudante, que a acompanha desde seus 10 anos de idade. 

A compositora compilou diversas composições sobre fins de relacionamento, crescimento e crises em seu álbum Midnights (Foto: Beth Garrabrant)

E sem considerar a crítica e a mídia, temos uma das maiores forças de Taylor: o amor de seus fãs. Presentes em todos os lançamentos musicais, premiações, polêmicas, cancelamentos e shows, os ‘Swifties’ – nome do grupo de fãs da loira – já provaram sua lealdade em diversas fases de sua vida e carreira, permanecendo ao lado da cantora independente da estação. Eles amplificam suas conquistas e fazem com que a grandiosidade de Taylor seja ainda mais vista dentro e fora das redes sociais. 

Porém, não são apenas streams, prêmios e amor de fã que fazem com que um artista fique no topo por tanto tempo. A equação do sucesso da loira envolve também, além da sua capacidade de camaleão em mostrar faces interessantes de si para a mídia, a sua capacidade de tornar suas músicas facilmente identificáveis. 

Ao cantar ‘Style’, do álbum 1989, os fãs não remetem a letra apenas ao cantor Harry Styles, suposto “muso inspirador” da canção, e sim às suas próprias vivências pessoais. Dessa forma, independente da história que Taylor esteja contando, sempre terá alguém que irá se identificar com a faixa.

Além disso, a fase do álbum reputation foi essencial para que Taylor pudesse desvencilhar-se dos estereótipos e visões de terceiros que rodeavam sua carreira e mostrar-se da maneira que a agradasse – afinal, ela estava considerando que toda sua carreira havia acabado. Nos anos seguintes, a decisão de regravar seus álbuns após o produtor Scooter Braun adquirir seus masters em 2019 e, consequentemente, as músicas do primeiro ao sexto álbum de Taylor, casam muito bem com a canção “I Did Something Bad”: “Ele diz ‘Não jogue fora algo bom’/ Mas se ele usa meu nome, então eu não o devo nada/ E se ele gasta meus trocados, então ele mereceu isso”

Taylor durante sua turnê apresentando a música The Man, canção que aborda a disparidade de tratamento entre homens e mulheres na indústria musical (Foto: Getty Images)

Para Carol Prado, jornalista, apesar da artista não possuir uma voz incrível e nem melodias interessantes, a cantora ganha pela habilidade de transformar os dramas fúteis em canções. No entanto, isso funciona apenas até uma certa idade. Segundo sua matéria no G1, depois de alguns anos, a vida adulta traz complicações um pouco mais sérias do que fins de relacionamentos e decepções amorosas, e as letras da cantora param de fazer tanto sentido assim. Pedro Góes, estudante de jornalismo de 20 anos, concorda com Carol: “Mesmo fazendo muito sucesso e tendo uma certa qualidade musical, as músicas não refletem todo o potencial que ela poderia atingir.”

Depois de caminhos tortuosos, crises, fins de namoro, muitos shows e a chegada aos 34 anos, Taylor fecha 2023 com uma turnê mundial de sucesso e com a certeza de que está em sua melhor fase, fazendo parte de um momento de ouro na indústria da música. Independente das críticas e elogios, Swift agora tem a confiança, maturidade e poder para assumir as rédeas de sua carreira, abrindo horizontes ainda mais dourados para seu futuro.

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