Especialistas opinam sobre os desafios das produções artísticas que utilizam Inteligência Artificial

Por Isadora Sousa

O termo “Inteligência Artificial” (IA) foi cunhado entre as décadas de 1940 a 1950, quando cientistas começaram a explorar a possibilidade de criar máquinas capazes de realizar tarefas que, até então, exigiam a inteligência humana. Na contemporaneidade, a tecnologia permeia todos os aspectos do cotidiano, desde o uso contínuo de celular, até casas automatizadas que desligam as luzes com um comando de voz.

A incorporação das IAs  no cotidiano suscita opiniões divergentes, enquanto alguns enxergam essa tecnologia como uma ferramenta facilitadora e auxiliar, cresce também o debate sobre a possibilidade dela assumir funções antes desempenhadas exclusivamente pelo ser humano.

Recentemente, essa discussão ganhou destaque no âmbito da arte, à medida que a utilização da Inteligência Artificial em produções visuais provocou debates em torno de uma possível desvalorização do papel do artista, além de questões éticas, direitos autorais e propriedade intelectual.

Estas questões estão sendo enfrentadas em outras áreas além das artes visuais, como a música ou cinema. Vivemos em um período delicado do ponto de vista ético, mas o mercado precisará se reinventar constantemente, mas não tenho dúvidas de que a propriedade intelectual sempre estará vinculada a diferenças primordiais que a máquina não pode fazer: ter alma para se comunicar. A presença do artista, de suas marcas continua sendo o grande diferencial”, diz Joedy Bamonte, professora do Departamento de Artes e Representação Gráfica da FAAC-UNESP.

Já Marcelo Conrado, artista visual e professor da disciplina “Direito e Arte”, do curso de graduação e do programa de pós-graduação da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, possui uma visão otimista em relação ao uso da Inteligência Artificial.

“A visão que nós temos com toda essa tecnologia é muito catastrófica, de que a IA vai acabar com o emprego, e na verdade é sempre uma transformação, a gente viu isso com a fotografia, com o cinema, e aí surgem outras possibilidades. Então vejo que é preciso se reinventar, o caminho da IA é inegável, não adianta querer ser contra, ela tá transformando o mundo em vários aspectos”, reflete o artista.

No âmbito legal, tanto no Brasil quanto em vários outros países, ainda não há legislações que regulam o uso de IA em suas diversas aplicações. Em muitos lugares, projetos de leis estão em fase de desenvolvimento. Alguns países começaram a introduzir regulamentações para abordar preocupações éticas, de privacidade e de segurança, mas essas leis ainda estão evoluindo e podem não abranger todas as complexidades e implicações da tecnologia.

“A proteção dos direitos autorais nunca teve que ser revista tanto quanto atualmente, mas a experiência artística, a produção feita por seres humanos, jamais poderá ser comparada à experiência feita pela IA. Acredito no uso de máquinas como ferramentas criativas. A criatividade não é natural a máquinas, mas sim a homens. A máquina processa, mas precisa de alguém que faça isso para que exista sentido, expressão e emoção. Se isso não existir, o que é isso? Com certeza não é arte, mas outra coisa”, finaliza Joedy.

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