Agravamento de problemas ambientais causados pela exploração e o mal uso de terras e recursos naturais cresce a cada ano

Por Laura Santos

O setor do agronegócio exerce uma função importante na economia brasileira, destacando-se em âmbito nacional e internacional. Abrange integralmente o ciclo produtivo, desde a atividade agrícola até a fase de distribuição e comercialização de mercadorias. Sendo o Brasil um dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas, incluindo soja, carne bovina, frango, açúcar, café e outros.

Mesmo com grandes avanços tecnológicos, uma das grandes problemáticas do setor é produzir seguindo parâmetros sustentáveis, o agravamento de problemas ambientais causados pela exploração e mal uso de terras e recursos naturais cresce a cada ano.

Alexandre Honig Gonçalves é mestre e doutor em geografia na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, e explica sobre os avanços agrícolas e sua relação com os problemas ambientais. “Por mais tecnologia que esteja envolvida nesses processos atuais da agroindústria, ainda sim a gente está exportando recurso natural. Pela questão do uso da água, do solo, isso vai significar uma série de situações que precisa pensar e fazer gestão ao longo do tempo”.

Pensando em técnicas agrícolas sustentáveis, o Brasil possui várias das quais foram feitas com o intuito de realizar uma agricultura de forma menos danosa ao meio ambiente, tais como, irrigação por sistema de gotejamento e sistemas de energia solar.

Segundo Alexandre Gonçalves o agronegócio possui boas técnicas sustentáveis, porém existe um grande conflito com a maneira com que essas abordagens estão sendo aplicadas nas produções. “Os métodos e as técnicas agrícolas são as mais sustentáveis do mundo aqui no Brasil, mas ao mesmo tempo essas iniciativas são dos agentes capitalistas do agronegócio que acabam desmatando, ocupando áreas indígenas, quilombolas, todo um processo de conflito fundiário que existe ao longo de todo o nosso processo histórico e social”, explica.

As questões mais críticas são os desmatamentos, especialmente na Amazônia. A expansão das áreas de cultivo e pastagens muitas vezes resulta na derrubada de grandes extensões de floresta, o que contribui para a perda de biodiversidade e afeta o equilíbrio ambiental.

Ações exploradoras que causam dano à natureza provocadas pelo agro que podem gradativamente vir a afetar o próprio agente responsável desses estragos. “A gente acabou de passar por quase trinta dias de uma seca terrível acompanhada de incêndios florestais, além da bacia amazônica que está seca. Ou seja, isso ao longo do tempo vai trazer dificuldades na manutenção desses ciclos hidrológicos, na adequação do plantio, no desenvolvimento da colheita das commodities agrícolas que são a base essencial para outros produtos”, pontua o docente.

As políticas ambientais no agronegócio desempenham um papel crucial na promoção da sustentabilidade, mitigação de impactos ambientais e preservação dos recursos naturais. No Brasil, várias iniciativas e regulamentações foram implementadas para equilibrar o crescimento econômico do agronegócio com a proteção ambiental.

A grande problemática de questões legislativas é a ausência de fiscalizações e aplicações efetivas. “A legislação ambiental brasileira é muito boa, mas não é aplicada ou não é aplicada na quantidade que deveria ou para todos que deveriam responder a essa situação”, expõe Alexandre.

Mesmo com normas que garantem a proteção e uso consciente dos recursos naturais, o agronegócio brasileiro ainda se encontra em domínio de pensamentos capitalistas que evidenciam a economia acima do meio ambiente, fazendo com que legislações ambientais sejam menosprezadas.

“Isso não pode ser tolerado para o pequeno agricultor, pequeno pecuarista e muito menos para os grandes empreendedores capitalistas que desenvolvem esse agronegócio, porque a escala que eles trabalham é muito maior e potencialmente muito mais danosa”, finaliza Gonçalves.

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