Entenda por que o ócio criativo é essencial em uma sociedade que está em
constante movimento

Por Emanuelly Teixeira

Trabalho, estudos, vida pessoal e amorosa, todos esses compromissos ocupam grande parte do cotidiano do ser humano, o que torna a ideia de não fazer nada seja considerada como desperdício. O ócio criativo, conceito criado pelo sociólogo italiano, Domenico De Masi, na década de 90, e falecido em setembro último, veio com a proposta de enxergar a ociosidade como algo positivo e até mesmo a ser estimulado. 

Apesar de ser uma atividade que também traz benefícios, o lazer se diferencia do ócio criativo. Enquanto a primeira busca um momento de descanso e relaxamento, De Masi argumenta que o ócio criativo é tirar tempo para refletir sobre algo e produzir uma ideia. Isso é possível com atividades como assistir uma peça, ler um livro, contemplar o pôr do sol ou ainda meditar, o essencial é a construção de ideias.

A leitura é uma das atividades que podem ser desempenhadas para a prática do ócio criativo (foto: Unsplahs).

O autor também define o ócio alienante, que é o contrário do criativo e significa estar em um período de descanso, mas não conceber ou criar algo. A professora de sociologia da Unesp câmpus de Bauru, Aline Lisbôa da Silva, comenta sobre a substituição do ócio criativo pelo alienante. “O ócio criativo foi substituído pela ideia de desempenho do entretenimento. O que é lamentável, já que muitas das coisas criativas existentes no mundo foram idealizadas durante este momento”, expõe a docente.

A professora também alerta para os perigos que a necessidade de produção constante causa, que vão de transtornos físicos até psíquicos. Com o Brasil ocupando a 2° posição no ranking de países com maior taxa da síndrome de Burnout, segundo a International Stress Management Association (ISMA) e sendo o 1° na lista dos países mais ansiosos do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito do autor vem como uma solução.


O burnout é causado pela exaustão extrema e é  comum em profissionais que trabalham sob pressão (foto: Freepik).

Entre os benefícios do ócio criativo, estão a melhora da saúde e do bem-estar, o aumento da atenção que torna o nível de desempenho melhor, progresso do raciocínio lógico e desenvolvimento da criatividade, pois deixa de lado a tensão do dia a dia. De Masi defende que, além dos ganhos citados, a grande questão é que com o ócio criativo é possível ter ideias originais, o que não acontece quando se está imerso no trabalho. 

É possível aplicar o conceito também com crianças, diminuir o tempo de uso em celulares e videogames e não forçar atividades extracurriculares que eles não gostem. A alternativa é propiciar aos mais novos experiências e desafios que estimulem seu autoconhecimento, observação e aprendizado.

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