Modelo de trabalho home office é abandonado pelas empresas ao redor do mundo

Por Emanuelly Teixeira

A pesquisa “Tendências do home office no Brasil” publicada pela FGV Ibre em 2023, apontou que o modelo antes aplicado pelas empresas de forma total ou ainda parcialmente, sofreu queda entre 2021 e 2022. A Meta, empresa que comanda o Facebook, Instagram e WhatsApp, o Google e o Snapchat estão entre as companhias que exigiram a volta dos funcionários na forma presencial, sob alegação de melhor produtividade e conexão com a cultura da empresa.

Os dados obtidos pelo relatório da FGV Ibre, avaliou a questão do rendimento no home office pela perspectiva das empresas brasileiras. O resultado encontrado em 2022 foi o aumento da produtividade em 30% das empresas, enquanto 10,2% perceberam redução. Já na perspectiva dos trabalhadores, a pesquisa mostra que a eficiência aumentou principalmente no setor da Construção entre 2021 e 2022, com redução apenas no setor de Serviços.

Produtividade em 2022 no setor de Construção chega quase ao dobro do ano anterior.

A professora de sociologia da Unesp, Aline Lisbôa da Silva, explica que o motivo por trás das empresas estarem em busca de maior produtividade dos colaboradores está no sistema neo-capitalista, que leva a comunidade ao desempenho. “Por estarmos situados nesta lógica, acabamos seguindo sem nem mesmo refletir acerca do que queremos fazer, ser, consumir, etc. A única lógica válida nisso tudo acaba sendo a lógica do capital”, esclarece a docente.

Os motivos que fazem os trabalhadores preferirem o home office vão além da melhora da produtividade. As horas evitadas no trânsito, a redução de custos, os horários mais flexíveis e um maior conforto para trabalhar são alguns dos fatores citados sobre os benefícios desse modelo de trabalho. Apenas cerca de 4% das pessoas apontaram que não veem pontos positivos no home office.

O outro lado do home office

Apesar de facilitar em grande parte a vida dos funcionários, o home office pode alterar a quantidade de trabalho. Com as demandas do emprego dividindo espaço com a vida pessoal no mesmo ambiente, é fácil conferir como está o andamento das tarefas, marcar uma reunião ou enviar e-mails enquanto se faz o jantar. Mas a mistura desses dois universos pode prejudicar o ócio criativo, ou seja, atividades que podem auxiliar na concentração e criatividade. 

Aline Lisbôa Silva comenta que, nesses casos, é necessário o equilíbrio, mantendo uma relação saudável entre produzir mais e enxergar e respeitar os limites para que se possa viver melhor. Reservar um ambiente para desempenhar as funções do trabalho e se desconectar após o expediente são formas para preservar a harmonia.

No caso das mulheres que são mães, um empecilho que o modelo não presencial pode trazer é que, além do trabalho e os afazeres domésticos, 11 milhões desempenham a maternidade solo, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da FGV. Com as aulas sendo remotas, elas precisaram se preocupar em auxiliar os menores nas atividades e no acesso aos conteúdos passados pela escola.

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