Governos de direita estão no poder de países como Itália, Polônia, Hungria e, a partir do dia 10, na Argentina

Por Bernardo Corvino

Reprodução / Instagram / @jucorvinoaraujo

Nos últimos anos, a extrema direita vem se infiltrando em diversos países no mundo, tanto na presidência como em outros cargos do governo. Donald Trump, Jair Bolsonaro, Javier Milei e Giorgia Meloni são alguns dos nomes que estiveram e estão no poder.

Para o vereador do município de Maricá (RJ), Ricardinho Netuno (Republicanos) as pessoas se afastam da direita quando conhecem a “verdade”. “Então o que vemos é um caminho natural, a humanidade ao se distanciar de ideologias que matam”, alega.

Apesar disso, a história prova que a direita também mata: Hitler matou entre 11 e 25 milhões de pessoas, de acordo com Matthew White, autor de O Grande Livro das Coisas Terríveis.

Já o vereador de Botucatu, interior de São Paulo, Laudo Gomes da Silva (PSDB), tem outro ponto de vista. “A direita defende a liberdade de pensamento, de imprensa, o direito à propriedade, os valores cristãos contra o aborto e a liberação das drogas. Tudo isso tem propiciado a volta forte da direita na Europa, na América do Sul e, com certeza, nos Estados Unidos em 2024”, opina.

Dessa forma, o perigo é iminente para aqueles que fazem parte das minorias, com os governadores lutando para diminuir os direitos da comunidade LGBTQIAPN+, como o direito de casar e adotar, e também os direitos das mulheres, com alguns países criminalizando o aborto.

A socióloga Juliana Corvino explica que a extrema direita encontra terreno fértil no vácuo (incapacidade) de respostas rápidas e eficientes de partidos liberais e de centro responderem demandas, somada a uma oposição de uma agenda considerada mais progressista.

“Há muitos estudos que mostram que agendas que se preocupam com reconhecimento identitário e distribuição de recursos igualitário estão localizadas em políticas de governos considerados progressistas”, acrescenta.

O cenário não é nada bom para as minorias – que se encontram nessa situação por conta da exclusão de acesso e não pelo quantitativo. Elas são altamente prejudicadas, pois terão ainda menos espaços para suas vozes e demandas. “Só com essa informação se esfarela a ideia de democracia, de bem coletivo, de vida em sociedade”, diz Corvino.

Netuno refuta: “A direita não tem nenhuma aversão a qualquer minoria. Pelo contrário, o que pregamos é que cada um tenha garantida a sua liberdade de expressão, desde que não fira a liberdade de outros.”

Apesar disso, não é o que os dados mostram. Nos Estados Unidos, por exemplo, com a direita sendo grande parte do Congresso, há um número recorde de leis contra os direitos da comunidade LGBTQIAPN+. Inclusive, dentro das mais de 520 leis, 220 são contra a comunidade trans. Em 2022, a corte dos EUA também reverteu a lei que protegia o direito das mulheres abortarem em todos os estados do país.

Corvino, no entanto, discorda da opinião de que a direita atual é fascista. “Gosto de um conceito de Bobbio para pensar fascismo olhando exemplos passados. Fazendo esse exercício, ele está mais próximo da extrema direita por se opor ao socialismo, mas ele não é característico desse regime. Isso seria um exercício errôneo do conceito”, conclui.

Deixe um comentário