Fome, pobreza, percepção das pessoas não saberem mais o que é barato e o que é caro’: O futuro da Argentina com Milei no poder

Por Bernardo Corvino

Reprodução / Instagram / @javiermilei

Depois de uma disputa acirrada, no dia 19 de novembro, a Argentina elegeu o mais novo presidente: Javier Milei, candidato da extrema-direita que se autodenomina como “anarco-capitalista”. A vitória do político marca um novo capítulo na história do país e, inevitavelmente, da América Latina, por entrar na lista das nações em que políticos de direita estão no poder.

Milei promete acabar com o Banco Central e deu indícios de que sairia do Mercosul, onde a Argentina é o maior parceiro comercial do Brasil. Para a socióloga Juliana Corvino, o vínculo entre os países é maior do que o governo petista e o de extrema direita. “Esse histórico institucional será considerado queira que sim ou que não. Penso que pode ter algum efeito prático que possa interferir na economia do Mercosul, mais como obstáculo que rompimento. Talvez como fez o Uruguai”, falou. A professora de direito também acrescenta que o futuro da parceria do Mercosul com a União Européia depende de como Milei agirá no poder do país.

Ela salienta que é mais preocupante o efeito que um governo de extrema-direita, com a influência de discursos radicais alimentados politicamente, e agendas públicas cada vez mais pautadas em moralidade pode ter no Brasil. “Isso sim é minha aposta de grande obstáculo e um desafio”, disse Corvino.

Já para o vereador da cidade de Maricá (RJ), Ricardinho Netuno (Republicanos) é difícil enxergar uma boa relação entre os países enquanto Lula for presidente do Brasil. “A Argentina, ao contrário do Brasil, deu um show de democracia, coisa que o atual governo brasileiro não vê com bons olhos”, expõe, relacionando à perda de Bolsonaro na eleição de 2022.

Netuno também afirma que a Argentina se tornará uma grande nação sob o poder de Milei, opinião que Corvino refuta: “Estou falando de fome, pobreza, da percepção das pessoas não saberem mais o que é barato e o que é caro,de sobrevivência, acesso a recursos básicos. É quase 40% da população argentina que vive hoje abaixo da linha de pobreza!”, complementa.

Sobre a economia, o vereador diz confiar no poder do novo presidente liberal. “Com uma inflação de 138% deixada pelo atual presidente, Alberto Fernández, a Argentina se vê em uma situação de extrema vulnerabilidade econômica e mostra que Milei, com medidas como a dolarização da economia argentina, pode de fato começar a colocar o país nos trilhos novamente”, opina.

A professora de direito ressalva que Millei optará por uma desregulamentação da economia, privatizações e deverá mexer na taxa de câmbio para o setor exportador (maior taxação das exportações, sobretudo, na produção agrícola). “A dificuldade está em saber o quanto esse efeito de choque não provocará efeito reverso e piorará a condição da população”, observa.

A posse de Javier Milei acontecerá no próximo sábado (10) e, segundo informações da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Lula não estará presente. O Brasil deve ser representado pelo Ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e assessores. O ex-presidente, Jair Bolsonaro, já confirmou presença no evento e deve ir acompanhado por uma comitiva de 50 bolsonaristas.

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