Por Laura Hirata-Vale

Quase dois anos atrás, eu pisava pela primeira vez na faculdade como estudante da graduação. Já tinha ido em diversas universidades, para conhecer e visitar; mas a experiência de pertencer a uma faculdade e entrar nela como aluna era algo que não havia experimentado ainda. Diferente de muitos colegas, minha família passa por universidades desde muito tempo: foram muitos advogados e professores que vieram antes de mim. No meu núcleo familiar, a educação sempre foi algo muito importante e valorizado, e por isso, chegar até o ensino superior é algo esperado.

Em alguns momentos desses quase dois anos, percebi que – às vezes – nem acredito que sou aluna de uma das melhores universidades do estado e do país. Fico chocada ao perceber que estou tendo um baita ensino, em uma cidade diferente da minha, descobrindo novas coisas, tendo novas relações e pensamentos. É estranho, e ao mesmo tempo muito legal, estar vivendo momentos tão diferentes e parecidos da minha vida antes da faculdade. Perceber detalhes sobre mim que eu não via antes é algo interessante, que talvez só a experiência de morar fora da cidade dos pais pode trazer.

Eu sempre fui uma mistura de extroversão com timidez. Talvez seja a ansiedade, talvez não, mas a descrição “pessoa extrovertida-tímida” não poderia ser mais apropriada para mim. Quando eu era mais nova, era super falante, super comunicativa, mas temia falar ao telefone. Tinha pavor. Como mudei de cidade, e preciso resolver minhas coisas, comecei a ligar para os lugares. E o pavor foi passando, passando, passando… Agora, prefiro ligar do que mandar mensagem para resolver o que preciso resolver. É uma evolução de personagem, eu diria.

Porém, acho que continuo sendo uma pessoa extrovertida e tímida ao mesmo tempo. Continuo sendo o ser que conversa com muita gente – do tipo, bater altos papos com a dona da cantina – e dá oi pra todo mundo que conhece, mas ainda assim continuo sendo tímida em momentos específicos. Acho que demoro para me soltar, porque preciso me sentir confortável para tal – por isso a timidez –, mas quando me solto, fico mais sociável. Acho que ao longo desses dois anos, fiquei menos tímida, mas ainda sou. Algo que também penso é que essa extroversão tímida é uma peça-chave do meu ser, e que isso reflete no que planejo fazer após terminar a faculdade.

Desde o início da graduação, tenho tido experiências do por trás das telas, câmeras e microfones. E acho que é o meu lugar: a comunicação não é feita somente pela pessoa que passa a informação para o público, mas também é feita por quem está na produção do texto, da pauta, da reportagem. Depois de dois anos, dezenas de textos escritos, percebi que meu lugar é na escrita: acho que não sou da apresentação. Mas meu lugar também é na produção, em fazer o programa ir para o ar, em organizar as etapas, em ajeitar o que for preciso para levar um projeto para frente. Realmente, estavam certos quando falaram que a universidade é o lugar para achar o seu lugar.

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