Estudantes adaptam moradias para receber participantes do “O Inter”, sediado pela sexta vez em Araraquara 

Barracas no alojamento da República Kzona, que recebeu cerca de 40 estudantes durante O Inter 2023 (Fotos: Julia Moura)

Por Julia Moura

Em uma tarde comum na República Kzona, é possível encontrar os onze moradores sentados perto da área da piscina, aproveitando os poucos momentos de descanso da graduação. No entanto, a dinâmica da casa muda durante os Jogos Universitários, quando a garagem e o quintal amplo passam a abrigar barracas, malas, tintas, e estudantes vindos de todos os cantos do estado para aproveitar o evento. 

Tal como na Kzona, diversas repúblicas aproveitam eventos como O Inter para abrir suas portas e receber diferentes pessoas em suas casas. Esse acolhimento permite a troca de experiências e conexões intermunicipais com alunos de outros campi.

O torneio universitário InterUnesp de 2023 aconteceu entre os dias 12 e 15 de outubro. Com atrações diversas, o evento recebe mais de 10 mil estudantes por ano, que partem de suas respectivas cidades universitárias para viver três dias intensos de competições esportivas, festas, e shows de grandes nomes da música nacional. A cada ano, o evento é realizado em uma cidade diferente, e pela sexta vez desde a primeira edição do Inter, Araraquara foi a encarregada de receber esses estudantes. 

O evento foi criado na década de 1970, pela reitoria. Contudo, foi apenas a partir de 2001, após um hiato de dois anos sem competição, que as Atléticas existentes na época decidiram resgatar os jogos e assumir o controle da organização. Mais de 20 anos depois, acompanhamos um InterUnesp diferente daquele criado anteriormente, agora com um protagonismo ainda maior dos estudantes e de sua capacidade organizacional.  

Esses, representados pela Liga Interuniversitária de Esportes Universitários (LIEU), são responsáveis por escolher a empresa de festas, a empresa de arbitragem, estabelecer como acontecerão as disputas esportivas, e até pela venda de ingressos e alojamentos disponíveis.

Alojamentos 

Graças ao sistema rotativo das cidades-sedes do torneio, estudantes de todas as Unesp do estado precisam se deslocar até a cidade escolhida para a edição daquele ano, e encontrar um abrigo para ficar durante os três dias de evento. Nesse contexto, surgiram os alojamentos universitários. 

O alojamento da Atlética e o alojamento em repúblicas locais são as opções que mais atraem os estudantes. Ambos seguem o princípio básico de acolherem os “forasteiros” por preços menores que os encontrados em pousadas, hotéis e Airbnbs, e proporcionar a integração com diversos alunos de outros campi da Unesp.

Nas repúblicas, a organização é essencial para manter tudo em ordem durante os três dias de jogos, principalmente para que ninguém tenha sua experiência afetada por desavenças ou atos considerados inconvenientes dentro da casa. Seguranças chegam a ser contratados pelos estudantes neste período, como revela um aviso enviado por um morador da República Kzona em um grupo de Whatsapp do alojamento. 

Não será aceito nenhum tipo de desrespeito ou brigas durante o alojamento, se rolar algo do tipo o segurança já foi informado para retirar a pessoa e não vai ter negociação, brigou ou desrespeitou a galera é rua”, diz o texto. 

Problemas como a manutenção da limpeza da casa, ou o acordo com a vizinhança sobre o barulho, por exemplo, são questões resolvidas com antecedência pelos organizadores, para evitar incômodos futuros. Além disso, também é preciso cotar todos os serviços que serão oferecidos aos visitantes: segurança 24 horas, bebidas, panfletos ou mapas da região, marmitas, e ônibus para as festas e jogos. 

O cuidado com os preparativos é essencial para uma boa experiência, tanto para os visitantes, quanto para os moradores da casa, como comenta Arian  Guardiano, estudante de odontologia e integrante da República Kzona. Ele também destaca  outros aspectos importantes, como o número de banheiros que serão disponibilizados, a área reservada para a montagem das barracas e o espaço que os visitantes não poderão ter acesso. 

Parede no alojamento da República Kzona, destinada para os visitantes deixarem registros (Foto: Julia Moura)

Apesar do esforço e tempo despendidos para a realização do alojamento, Arian também comenta que, para eles, é um investimento que vale a pena. 

“Quando saiu mesmo o local onde seria O Inter, a gente já pensou [em fazer o aloja], porque é muito legal ter O Inter na sua cidade”, revelou o futuro dentista. Ele  menciona que parte da inspiração para o alojamento também surgiu de uma experiência pessoal passada, quando alguns moradores foram para Bauru, no Inter 2022, e ficaram hospedados em uma república local durante os jogos. 

Atlética

Outra opção também muito procurada pelos estudantes nessa época do ano são os alojamentos oferecidos pelas atléticas. Comumente, esse tipo de alojamento costuma ser feito em terrenos amplos, como ginásios locais, orfanatos, entre outros, que sejam capazes de receber uma grande quantidade de alunos, e, ao mesmo tempo, que estejam localizados perto da maioria dos jogos. Essa opção  é uma das favoritas dos atletas que irão competir por suas respectivas unidades. 

“Eu recomendo a experiência de ‘aloja’. Tem perrengue? Tem perrengue. Mas é muito legal a experiência, porque você fica 100% imersivo no Inter”, contou Geovana Merlo, jornalista formada pela Unesp Bauru, sobre sua experiência em Araraquara, no Inter 2018, quando era líder de torcida. “Faz parte de toda vivência unespiana. É o pacote completo de Jogos Universitários”, ressalta. 

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