Por Luíza Lopes
Outro dia, quando me encontrei com um amigo de longa data, me surpreendi ao saber que ele não tinha nenhuma rede social. Me intrigou como uma pessoa da minha idade escolheu se abster de qualquer sociabilidade virtual além de mensagens, que ele diz ser o essencial.
Enquanto conversávamos, constantemente eu precisava explicar alguma piada ou informação que só ficou conhecida em alguma plataforma específica. Para ele, que só consumia notícias de forma tradicional, eu falava absurdos, pois ele não entendia os contextos por trás daquilo que eu dizia. Apesar do estranhamento inicial, fiquei fascinada em ver a sua curiosidade sobre um mundo que é de todos menos dele, mas que ele escolhe ficar de fora.
Em dias de jogo de futebol, ele me conta que gosta de baixar o Twitter só para ver o que as pessoas estão falando no final do jogo. Ele diz que se diverte, mas é pontual, passou o êxtase e já desinstala. Para ele, as redes sociais são como prisões e o ‘feed’ a cela, depois que entra, é difícil sair. Particularmente, fiquei pensando na quantidade de horas que passo em frente à tela de um celular: quando acordo, no ônibus a caminho da faculdade, nas pausas do trabalho, no almoço, até mesmo no banho. As vezes é puro costume de liberar a tela e olhar procurando algo interessante, chego a me decepcionar quando acho que nada me instiga.
Percebi também a necessidade que as redes criam nas pessoas de divulgarem suas próprias vidas, mas não necessariamente a realidade, apenas aquilo que querem que pensem delas. Esse meu velho amigo nem pensa nisso, inclusive se não conversasse constantemente com ele, nem saberia de onde vem e para onde vai. Se está bem ou não, as novidades, as conquistas e as perdas. Antes da internet as pessoas precisavam ter esse contato para se relacionarem, fazer encontros, hoje em dia eu nem preciso trocar alguma palavra. Quantos eu já perdi por isso? Talvez a coragem que eu gostaria de ter para falar com o outro seja pela falta de convívio real com pessoas.
No final da nossa conversa, tive muito que agradecê-lo, pois percebi uma vida mais próxima do que eu gostaria de ter. Não acho que eu vá largar as redes sociais, elas já são uma extensão de mim mesma, mas é bom saber que tenho opções e não preciso disso para viver em sociedade pois é possível viver offline. Tenho até amigos que vivem assim! Talvez eu perca as piadas do momento, mas quem sabe eu ganhe um pouco de liberdade?
