Com 12 medalhas conquistadas nos Jogos Pan-Americanos, esporte ainda sofre com falta de divulgação e reconhecimento no Brasil
Por Mateus Ferreira

O boxe nos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023 contou com 13 categorias de peso distintas entre masculino e feminino, onde cada uma delas tinha ao menos um brasileiro. Com desempenho histórico, o boxe brasileiro dominou o esporte, levando para casa 4 medalhas de ouro, 5 pratas e 3 bronzes. Todos os ouros brasileiros foram conquistados por mulheres: Caroline de Almeida (50kg), Jucielen Romeu (57kg), Bia Ferreira (60kg) e Barbara Maria dos Santos (66kg).
Com os Jogos Olímpicos de Paris em 2024 se aproximando, o Brasil possui 9 classificados para a modalidade até o momento. Bia Ferreira (60kg) é uma das favoritas, disputando sua segunda olimpíada e sendo a primeira a garantir o bilhete para Paris.
FALTA DE RECONHECIMENTO
Mesmo com este desempenho histórico no esporte, onde conquistou o dobro de medalhas do segundo colocado, que era os Estados Unidos nos jogos Pan-americanos, e com grandes boxeadores sendo referências afora, segundo atletas e profissionais o esporte ainda sofre com a divulgação e reconhecimento no País.
Para Tiago Ildefonso, 38, ex-atleta, que hoje é professor e treinador da Equipe Leões do Ringue e do Projeto Cidadão Campeão, em Bauru, o esporte sofre com a falta de divulgação por parte da mídia. “Os programas de esportes não deveriam se chamar ( nome da emissora) Esporte. E sim (nome da emissora) Futebol. Pois 90% do que se passa em programas esportivos é futebol”.
Tiago ainda compara a quantidade de títulos entre boxe e o futebol. “O Brasil tem 5 títulos mundiais de Futebol. E no Boxe tem 1 com Miguel de Oliveira, 1 com Sertão, 1 com Patrick Teixeira, 1 com Rose Volante, 1 com Danila Ramos, 3 com Eder Jofre, 4 com Acelino Popó Freitas. Fora os novos atletas como a Bia Teixeira que já Bi Campeã Mundial”, disse Tiago.
A seleção brasileira nas olimpíadas possui duas medalhas de ouro conquistadas e a atualmente bicampeã, vencendo as olimpíadas do Rio-2016 e Tóquio-2020. Dois brasileiros também levaram o ouro no boxe nessas edições: Hebert Conceição em Tóquio-2020 e Robson Conceição no Rio-2016, nas categorias de peso médio (até 75kg) e leve (até 60kg). Segundo ele, é só comparar os resultados para ver se o Boxe brasileiro merece ou não uma maior valorização da mídia.

Futuro Promissor
Nierry Barreto, 41, educador físico, nascido na Bahia e atualmente proprietário e treinador da Academia NC Barreto, em Bauru, afirma que o boxe tem sim um potencial de se tornar uma referência nacional, além de termos um “celeiro de boxe” na Bahia. “A Bahia é uma referência, um celeiro de boxe, a maioria das medalhas olímpicas são todos baianos que ganham, quase sempre os resultados do esporte no Brasil vem de lá’’. Bia Ferreira, atual campeã, e tanto Hebert e Robson Conceição, são baianos e atuais medalhistas de ouro pelo Brasil nos jogos olímpicos. Segundo ele, os outros estados do país como São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro estão cada vez mais fortes.
O treinador já experiente acredita que o boxe profissional pode se beneficiar e crescer com o recente estouro das lutas envolvendo famosos de todo o mundo. “Com essas lutas de youtubers, as pessoas estão vendo mais o boxe, aqui na academia mesmo pessoal tá buscando mais”. A luta mais recente envolvendo um brasileiro foi em outubro com o humorista Whindersson Nunes, para o evento de boxe Misfits Boxing.
Apesar de algumas diferenças, o boxe olímpico e o boxe profissional são o mesmo esporte. Apesar das críticas em relação às lutas dos youtubers, Nierry tem uma visão otimista sobre o futuro do esporte. Ele acredita que a divulgação nova é promissora, mas que o esporte tem que se manter sempre com respeito, e daqui pra frente que as pessoas tenham a mente mais aberta e que o boxe brasileiro alcance o reconhecimento que merece.
