Thaise Monteiro e Patrícia Andrade participaram do circuito Arte da Palavra em Bauru 

Por Talita Mutti

Thaise e Patrícia durante encontro literário no Sesc (Foto: Talita Mutti)

Sesc Bauru recebeu, no último dia 26 de setembro, duas escritoras independentes, para realizarem um bate-papo sobre produção literária e a situação do mercado editorial no Brasil: Thaise Monteiro, que além de poeta, é atriz, professora e doutora em Estudos Literários pela UFG (Universidade Federal de Goiás) e Patrícia Andrade, que também é poeta, artista plástica e produtora cultural independente. 

Durante a palestra, as autoras falaram sobre sua trajetória pela literatura, o primeiro contato que tiveram com a escrita e o que as motivou a continuar escrevendo. Ambas também abordaram as dificuldades enfrentadas no processo de publicação, ou pelo menos na tentativa de “se encaixarem”, segundo elas, no mercado editorial.

Em busca de alternativas à publicação de exemplares em editoras comuns, as autoras relatam que foi preciso buscar outros meios de exposição dos textos. “A questão de publicar é só um sonho mesmo, porque o mercado editorial, ele é bem cruel.”, diz Patrícia. “Eu acho que eu nunca planejei publicar um livro […] eu escrevo porque eu necessito”, complementa. 

Em 2006, Thaise fundou o projeto Cia da Arte: Poesia que Gira, no qual apresentava seus próprios poemas de maneira encenada. O projeto continua em vigor até hoje. Já Patrícia, optou por vender poesia pelas ruas de sua cidade, Macapá (AP), em espaços como cafeterias, bares, restaurantes e eventos culturais. “Nem sempre é fácil, sabe? No shopping, por exemplo, eu já fui expulsa algumas vezes[…] eu já fui assaltada algumas vezes também […] mas eu nunca desisti de vender poesia”, afirma. 

Políticas Culturais 

As autoras também mencionam a importância de políticas públicas que impactam diretamente na carreira de um escritor independente. A primeira publicação de Patrícia, o livro de poemas “ O Avesso do Verso”, foi viabilizada por meio da Lei Aldir Blanc, que em 2020, durante a pandemia da Covid-19. 

A autora destaca que este foi um período muito crítico para a literatura, com os impactos sobre os trabalhadores das artes, e a promulgação da lei, em caráter emergencial, contribuiu para financiar ações de cultura em todos os estados do Brasil. Hoje, a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), diferente do antigo texto da Lei Aldir Blanc, não tem caráter emergencial, e mantém regularidade de investimentos nas atividades culturais do país. 

O incentivo à cultura, por meio de editais públicos, também foi decisivo para a carreira de Thaise. Com a publicação da obra “À moda de 22”, a autora faturou o Prêmio de Incentivo à Publicação Literária: 100 Anos da Semana de Arte Moderna de 1922, oferecido em 2018 pelo Ministério da Cultura. 

Arte da Palavra 

O projeto realizado pelo SESC, busca divulgar escritores brasileiros em ascensão e estimular a formação de leitores, a partir de circuitos de palestras que abordam as novas formas de produção e fruição literária. Além de promover, entre os autores e o público, a troca de experiências e de ideias. As atividades ocorrem nos SESCs de todas as regiões do país. Neste ano, foram selecionados 22 autores para participarem dos circuitos.

Deixe um comentário