Por Amanda Trentin

A antropóloga Anahi Guedes de Mello explica no artigo “Gramáticas do capacitismo: diálogos nas dobras entre deficiência, gênero, infância e adolescência” que o capacitismo é uma forma de preconceito que é hierarquizada e discrimina corporalidades com deficiência devido ao afastamento do formato desses corpos em comparação à régua da normatividade quanto ao funcionamento e aparência.

Sendo assim, a teórica afirma que capacitismo “é a atitude que consiste em atribuir às pessoas com deficiência tratamento desigual em razão da sua condição”. Nesse sentido, trata-se do preconceito quanto à capacidade de um ser humano.

Anahi Guedes de Mello

A partir do capacitismo, a deficiência é considerada um estado diminuído do ser humano. É o que diz a teórica e pesquisadora dos estudos sobre deficiência Fiona Kumari Campbell, em consonância com as ideias de Anahi.

Discutir sobre o tema reflete a necessidade de problematizar questões sobre a luta contra essa discriminação e explicita a importância de garantir os direitos da pessoa com deficiência.  

Fiona Kumari Campbell

Dessa forma, segundo Anahi, há duas maneiras de se interpretar o capacitismo. A primeira refere-se à percepção cultural de que um corpo com deficiência é incapaz. A segunda, trata-se da opressão hierarquizada em propagar uma condição de inferioridade a esses corpos.

Em sintonia com Anahi, Campbell concebe o capacitismo como “uma normatividade corporal e comportamental baseada na premissa de uma funcionalidade total do indivíduo”. Então, a partir desse preconceito, o corpo considerado “normal” seria aquele sem deficiência e este estaria acima das corporalidades com deficiência.  

Por fim, analisar e investigar a deficiência significa fortalecer a resistência contra a opressão pautada na corponormatividade e superar essas barreiras de cunho discriminatório.

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