Como o estigma associado à saúde mental materna tem afastado mulheres a buscarem por ajuda
Por Juliana Allevato
Segundo estimativas do World Maternal Mental Health Day, 7 em cada 10 mulheres ocultam ou minimizam os sintomas associados à saúde mental, como a exaustão e o cansaço. Esse dado reflete o estigma associado à saúde mental materna, que, como define a psicóloga Perinatal e Parental Mariana Brandão, “é o fenômeno em que indivíduos ou grupos são rotulados, estereotipados, e, muitas vezes, discriminados”.
Na ótica da psicologia perinatal, a psicóloga destaca as quatro principais maneiras do estigma se manifestar na sociedade: estigma em relação a condições de saúde mental, quando as mulheres experimentam transtornos durante ou após a gestação e relutam a buscar ajuda; estigma de expectativas sociais irreais, quando as mães não se ajustam às demandas da maternidade e se isolam com medo de enfrentar julgamentos perante a sociedade; estigma em relação de vida e parentalidade, quando mães fazem escolhas diferentes da norma social; e estigma relacionado a experiências traumáticas, quando mães que vivenciaram eventos traumáticos, como violência doméstica, abuso sexual ou gravidez não planejada, não buscam ajuda por medo de não serem acolhidas.
Em todas elas, a psicóloga destaca que cada caso deve ser analisado individualmente, mas que tanto a história como a mídia ajudam a explicar as causas desse cenário. “No passado, as doenças mentais foram frequentemente mal compreendidas e associadas a estigmas prejudiciais. Também, a falta de uma representação positiva de experiências de saúde mental na mídia e na cultura popular pode contribuir para a percepção negativa e estigmatização”, diz.
Essa cultura pode levar muitas mulheres a se isolarem e a prolongar seu sofrimento. A especialista aponta que o caminho para superar essas barreiras deve vir tanto da educação quanto de uma rede de apoio. “A conscientização, a educação e a promoção de recursos acessíveis e não julgadores são fundamentais para quebrar o ciclo em torno dos transtornos mentais relacionados á matenidade”.
