Por Marianna Montenegro

Imagem do filme O Pequeno Príncipe, da Netflix (2015)
Há 80 anos as estrelas passaram a rir. Há 80 anos o trigo passou a significar muito mais que base para alimentos. Há 80 anos que uma rosa, apesar de igual a tantas outras, poderia ser única. Em 1943, 80 anos atrás, estava sendo publicado a obra-prima do francês Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe. Um livro que, apesar do passar dos anos, continua extremamente atual e relevante.
O Pequeno Príncipe traz a história de um aviador que, devido a uma pane, caiu no deserto do Saara e lá encontra um menino vindo de outro planeta, do asteroide B 612. E durante oito dias, enquanto o piloto tenta consertar sua máquina, o principezinho estará ao seu lado, contando suas histórias, falando sobre sua rosa, fazendo diversas perguntas e desvelando um pouquinho dos segredos da vida.
A leitura é leve e bastante única. Ela é ao mesmo tempo universal e bastante individualizada, pois cada um que lê é capaz de traduzir em si, de uma maneira distinta, o conteúdo do livro. Acredito que isso se dê por sua escrita se emaranhar poeticamente com temas presentes na vida de todos, como a amizade, o trabalho, a vaidade, o dinheiro, o amor, dentre tantos outros.
O livro é de literatura infantil, porém seu conteúdo é profundo. O essencial dele não pode ser visto com uma leitura rasa. O autor nos dá uma dica quando, na voz do aviador, afirma logo no começo: “Não gosto que leiam meu livro superficialmente”. A riqueza da obra está justamente em sua capacidade de abordar assuntos que tocam os leitores intimamente, a partir de raciocínios e linguagem extremamente simples.
O Principezinho revelará com o olhar de uma criança as incoerências do mundo e do modo de viver dos seres humanos. Esse é um livro de aprendizado, repleto de questões filosóficas. Não é sem motivo que ele é o terceiro livro mais traduzido do mundo, ficando atrás apenas da Bíblia e do Alcorão. Esse exemplar consegue transpor linhas geográficas e todas as diferenças culturais que cada uma possui. Esse livro une. Une perspectivas, une pessoas, une o pensar e o agir dentro do eu.
O aviador, apesar de narrar a história e fazer parte dela, não possui nenhuma característica física exposta. A história traz a sensação de descoberta do Principezinho, poderíamos ser nós o aviador. Cada um possui uma experiência diferente com o Pequeno Príncipe e toda a sabedoria que ele traz. Contudo, quando se olha a trajetória de Antoine de Saint-Exupéry, sabe-se que ele também foi piloto de avião e muito do que expôs pode ter sido um pouco de si.
Esse livro é potente, se não digo que é um livro de adulto, é porque estaria desvalorizando o saber infantil como tantas pessoas grandes fazem. Por isso reafirmo que é um livro com raciocínios e explicações guiadas por lógicas infantis, mas de sabedorias essenciais para todos os adultos.
Minha dica é que quando for ler ou reler O Pequeno Príncipe, esteja aberto à história, vá além do que os olhos possam ver, leia as entrelinhas, use de toda emoção, esteja pronto para se emocionar “a gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar”, então corra riscos lendo esse livro, releia seu próprio interior e se deixe cativar pelo menino de cabelos dourados como o trigo, de uma curiosidade insaciável que tanto tem a ensinar. Ler “O Pequeno Príncipe” é uma experiência para a alma.
Obra: O Pequeno Príncipe
Autor: Antoine de Saint-Exupéry
Editora: HarperCollins Brasil/ HaperKids
Preço: R$: 15,00 (em média)
Imagem da capa:
*É válido ressaltar que esse obra foi intensamente reproduzida, possuindo variadas edições, por diversas editoras.
