A falta de estrutura e desmotivação na permanência de estudantes faz com que alunos se mobilizem para mudanças em instituições de ensino
Por Laura Santos
Nos últimos meses, estudantes da USP e da UNICAMP realizaram paralisações para lutar por mais qualidade de ensino, uma melhor estrutura e contra a falta de professores. Os estudantes se sentem cada vez mais desmotivados a permanecerem nas universidades, e as razões são financeiras, emocionais ou até causadas pela falta de estrutura e preparo das instituições de ensino.
O professor Osvaldo Gradella Júnior, do Departamento de Psicologia da Unesp Bauru, pontua os principais desafios que o estudante enfrenta ao iniciar em uma universidade. “O aluno se depara com as condições objetivas do curso dentro da universidade, vai ter que ver a cidade, moradia, transporte, ver se tem alimentação no campus, se a cidade oferece trabalho ou se ele terá bolsa para se dedicar com maior tranquilidade para estudar”, diz.
Ao passar por esses desafios iniciais o estudante se depara com as adversidades ao longo do curso, problemas de estrutura, carência em professores e materiais, fazendo com que o ingressante universitário se sinta desestimulado com aquele espaço de ensino.
Lucca Pires Borçari é estudante de Psicologia na Unesp e aponta a importância de uma boa infraestrutura dentro da faculdade. “É a base do nosso ensino, é a base das possibilidades dentro dessa universidade. Existem cursos que envolvem aulas de laboratório, que demandam ali vários equipamentos para funcionar, tudo isso é definidor na experiência acadêmica que o aluno vai acabar tendo”.
Uma das alternativas que vêm sendo adquiridas pelos alunos são as mobilizações em grupos, sejam elas pela formação de coletivos estudantis, reuniões abertas para discutir principais problemáticas do campus ou até manifestações políticas. E todas com o objetivo de pautar uma melhor infraestrutura dentro da universidade e por condições adequadas para permanência do estudante.
Osvaldo explica como movimentos como esses podem ser extremamente positivos para o aluno dentro do campus. “A participação política para mim é um elemento de saúde mental, é o que nos coloca enquanto seres humanos numa relação de desenvolvimento de análise de perspectiva em relação ao público e a compreensão política dessas condições”, comenta o professor.
Buscar por espaços de debates políticos e que sejam voltados para problemas de dentro da universidade é uma das alternativas para o estímulo da permanência do estudante no campus, fazendo com que esse discente se coloque por dentro das lutas por melhorias em um espaço coletivo e com uma visão plural de desenvolvimento.
Na Unesp existem iniciativas que têm como objetivo abrir espaço para discussões sobre problemas no campus, como o Afronte, que é o coletivo estudantil, e o CAPSI – Centro Acadêmico de Psicologia da Unesp Bauru. “Tanto o CAPSI quanto o Afronte acreditam na mobilização estudantil enquanto forma fundamental de reivindicação das mudanças na infraestrutura da nossa universidade”, explica Borçari.
São alternativas como essas que fazem com que melhorias na universidade sejam pautadas, trazendo mais visibilidade para problemas da faculdade, movimentando os estudantes para um bem comum, e em busca do direito de permanecer em uma universidade de qualidade.
“Essa luta dos alunos é extremamente justa, pois as reitorias propõem um modelo de universidade enxuto onde você vai aumentando a carga horária do professor, aumentando o número de alunos em sala de aula e ao invés aumentar o número de professores, estão diminuindo intencionalmente”, expõe Osvaldo Gradella Júnior.
É fundamental colocarmos discussões de demandas e faltas que existem na universidade em pauta, convocando cada vez mais alunos para essa luta, pois é por meio dos movimentos estudantis e mobilizações acadêmicas que demandas como essas tomam força e os alunos são ouvidos e encontram sentido para permanecer.
“A luta cria um senso de comunidade e de esperança, um senso de esperança de que as coisas não precisam continuar como elas estão, as coisas podem mudar e que eventualmente através da luta e da nossa mobilização ela irá mudar”, finaliza Lucca Pires Borçari.
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