Por Maria Eduarda Fonseca

Com escalação sem resultados, Palmeiras de Abel Ferreira para na semifinal da Copa Libertadores da América pelo segundo ano consecutivo

Abel Ferreira após derrota para Boca Juniors na semifinal da Libertadores. (Foto: Reprodução)

Para aqueles que entendem de futebol, sabem que a semifinal da Copa Libertadores da América, entre Palmeiras x Boca Juniors, não começou na La Bombonera. Você pode acreditar que a situação incômoda de Abel Ferreira, comissão técnica e diretoria chegou quando o craque Dudu se machucou contra o Vasco e ficou de fora da temporada, mas o problema é mais embaixo.

Em dezembro de 2022, a compra do principal jogador da temporada, Gustavo Scarpa, era anunciada pelo clube inglês, Nottingham Forest, e em seguida a joia da base alviverde, Danilo, era anunciada pelo mesmo clube. Peças fundamentais para o elenco estavam sendo perdidas, porém, perdidas com aviso prévio. Desde a final do Mundial de Clubes contra o Chelsea no mesmo ano, a necessidade de contratação era evidente. 

Entretanto, não foi prioridade para a diretoria do clube. No ano seguinte, a insistência em jogadores sem resultados era evidente. O sacrifício de jogadores em outras posições, para suprir as necessidades da equipe, era evidente. O cansaço dos onze jogadores, por falta de reservas a altura, era evidente. 

Apesar da conquista da Supercopa do Brasil em um grande jogo contra o Flamengo, e o título do Campeonato Paulista contra o Água Santa, a torcida continuava a clamar por novos jogadores. E mais uma vez, o Palmeiras inicia a temporada sem grandes contratações, mas com confiança no trabalho do técnico. Abel Ferreira faz um trabalho vitorioso no Palmeiras com 8 títulos em apenas 3 anos, sendo 2 libertadores consecutivas. 

A campanha do Brasileirão está semelhante a do ano anterior em que ele foi campeão, todavia, não é suficiente, o líder Botafogo fez um primeiro turno impecável. Mas a Copa do Brasil foi o primeiro sinal. Pela segunda vez consecutiva, o Palmeiras caiu para o São Paulo, no mata-mata da competição. Em uma partida que terminou 1×0 para o rival, fora de casa, a qualidade técnica do futebol apresentado deixava a desejar, mas como já cantava acostumada a torcida palmeirense ” O Palmeiras é o time da virada, o Palmeiras é o time do amor”, existia esperança para a volta. 

No Allianz, quando a camisa precisava pesar, ela voou. Quando a equipe precisava de uma liderança, houve o silêncio ensurdecedor. Quando a equipe precisava de todo o gás nos últimos 45 minutos da partida, os reservas não foram capazes. Os quarenta mil torcedores foram calados aos oitenta e nove minutos com o segundo gol do São Paulo. 

Palmeiras fora da Copa do Brasil. Culpados foram apontados. Erros individuais, erros de escalação, omissão da diretoria no mercado, várias explicações, mas ainda sobrava uma Copa. A Barra Funda seguiu em frente.  

Voltamos para a gota d’água: Libertadores da América. Sem Dudu, o mês de setembro seria para testes, mas apenas uma escalação prevaleceu. O lateral improvisado como atacante foi a solução encontrada pelo técnico da equipe a ser batida na América, apesar do  resultado ter sido apenas um gol no mês inteiro. 

Disseram “A La Bombonera pesa”, mas já não pesava há um tempo. O Palmeiras chegava à Argentina para enfrentar, talvez, o pior Boca Juniors dos últimos anos, que não ganhou nenhuma partida no mata-mata. Durante o jogo, controle absoluto dos argentinos, poucas vezes a bola ofereceu perigo ao goleiro Romero. O empate em 0x0 saiu barato para o Palmeiras, que não esperava tamanho sofrimento. Na volta, a torcida implorava por mudanças na escalação, acreditava no poder de jogar em casa e acompanhou o time até a chegada no Allianz Parque em seu conhecido “Corredor Verde”. Mesma escalação. Estádio lotado. Penalidades máximas. Boca Juniors finalista da Copa Libertadores da América.

Há quem procure apenas uma resposta para o fracasso dessa partida. Mas, como citado lá em cima, em dezembro de 2022 o resultado já era anunciado. A declaração da Presidente Leila Pereira “Quer reforço melhor que esse avião?”, já era um indício do que estava por vir.  A não contratação de jogadores gerava uma expectativa no torcedor de ver a melhor geração da categoria de base sendo utilizada, de ver, talvez, a maior promessa da Academia, vendida ao Real Madrid com apenas 16 anos, brilhar em campo, mas não foi isso que aconteceu.

Durante toda a temporada, ficaram acumulando poeira no banco de reservas pela comissão técnica, eram a terceira e até quarta opção do treinador, não ganharam experiência e não foram treinados para assumir titularidade. Porém, nos últimos 45 minutos da semifinal, foram os escolhidos por Abel Ferreira. Foram eles que levantaram o time e fizeram um segundo tempo avassalador. Foram eles que entenderam o significado de “A Taça Libertadores obsessão, tem que jogar com a alma e o coração”. Estava na mão da base a responsabilidade de levar a Sociedade Esportiva Palmeiras para a disputa do tetracampeonato. Após 2 pênaltis perdidos, um pelo cobrador oficial e outro pelo capitão da equipe, estava nas costas do garoto Kevin manter o alviverde na disputa. Ele fez. Mas não foi o bastante. 

Teimosia em não contratar. Teimosia em insistir em peças abaixo do esperado. Teimosia em não utilizar a vencedora categoria de base. Teimosia em utilizar uma escalação fadada ao fracasso. Teimosia que custou a Glória Eterna

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