Por Rafel Oliveira |
Bauru é reconhecida na região por suas diversas opções turísticas relacionadas ao meio ambiente. Daniel Rolim, diretor do Departamento Zoobotânico da cidade, afirma que depois da pandemia, com a reabertura para visitação do zoológico, jardim botânico e horto florestal, o número de visitantes mensais dessas unidades tem crescido de maneira surpreendente.
Com a procura por tais atividades, pode-se imaginar que a cidade possua um perfil sustentável, mas esse não é bem o caso. Segundo o último ranking de sustentabilidade paulista feito pelo Programa Município Verde Azul (PMVA), Bauru obteve a 42ª colocação. Apesar do crescimento em relação ao ranking anterior, a cidade já chegou a ocupar a 30ª posição na lista. Ainda segundo o ranking, historicamente, as piores notas do município têm sido nas categorias de biodiversidade e arborização urbana, sendo a nota nesta última a pior em 9 anos.
Um exemplo que evidencia a falta de espaços verdes na cidade são as frequentes inundações e alagamentos que ocorrem durante o período chuvoso. Não são raros os casos em que veículos, construções e até mesmo vidas são perdidos para esses fenômenos.
Segundo Anna Silvia Peixoto, doutora em geotecnia e chefe do departamento de engenharia civil e ambiental da UNESP, por mais que a forma com que a cidade foi construída também seja um fator a se considerar, a falta de arborização é um dos principais problemas:
“Se houvesse uma maior quantidade de bueiros e, é claro, espaços verdes, a água que cai durante essas tempestades teria mais formas de penetrar o solo”.
Além da falta de áreas penetráveis, a cidade sofre com outro problema: a quantidade de lixo pelas ruas: “Dá para dizer que boa parte da culpa é da população também, já que muitos pontos de escoamento, como bocas de lobo, acabam entupindo com a grande quantidade de lixo que é jogada nas ruas, fazendo com que a água não tenha como passar”.
O órgão responsável pela coleta de resíduos, bem como a arborização da cidade é a Secretaria do Meio Ambiente (Semma). Além disso, ela também é responsável pelo licenciamento ambiental, departamento da causa animal e várias outras tarefas.
Levi Momesso é o atual secretário do meio ambiente da cidade. Ele assumiu o cargo há cerca de dois anos, mas não é novo na vida pública. Ele já foi secretário municipal da agricultura e administrações regionais, já ocupou a função de chefe de gabinete da presidência da Câmara Municipal de Bauru e foi diretor de limpeza pública da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano (EMDURB).
Em entrevista, ele fala sobre a questão: “hoje nós estamos vivendo uma geração que vê muito seus direitos, mas pouco seus deveres. Eu estive há alguns meses em um aterro em Piratininga e me chamou muito a atenção a quantidade de recicláveis que está ali. Qual é a dificuldade de simplesmente tirar o que é reciclável do orgânico? Isso é o mínimo e as pessoas ainda não fazem. É muito fácil cobrar, mas a população precisa fazer a parte dela”.
Perguntado sobre iniciativas para tentar mudar o perfil da cidade, Levi afirma que são frequentemente são organizadas palestras em escolas. Ele cita o jardim botânico e o zoológico municipal e volta a falar sobre a população.
“Nosso objetivo é fazer com que as pessoas descartem seus lixos corretamente. Nós temos diversos ecopontos espalhados pela cidade que funcionam todos os dias da semana. Não tem desculpa.”
