“Os direitos trabalhistas foram erguidos pelos movimentos que surgem com a consciência de classe”, diz a advogada trabalhista, Aline Gomes
Por Camila Terra

No decorrer do tempo o sistema econômico vigente se transforma, atualmente, o mundo vive a fase do Capitalismo Informacional, resultado da Terceira Revolução Industrial. Esse período é marcado pela plataformização do trabalho, em que destacam-se empresas como Uber e Ifood.
Essa nova forma de trabalho representa uma precarização das condições dos trabalhadores que se vêem sem direitos trabalhistas e com jornadas excessivas, apesar do slogan “Seja seu próprio chefe”.
“A história nos mostra que os direitos trabalhistas apenas foram erguidos através dos movimentos coletivos classistas, que surgem com a consciência de classe”, aponta Aline Gomes, advogada da área trabalhista que vê a conscientização dos trabalhadores como essencial para uma articulação em busca de reivindicar seus direitos.
A advogada diz ver uma “tímida” porém forte articulação a favor da classe trabalhadora, que passa por líderes de movimentos regionais e nacionais, como Paulo Galo, o qual ela cita como exemplo.
O motorista de aplicativo ganhou notoriedade nas redes com seus discursos sobre a problemática dessa forma de trabalho. Com a repercussão surgiu o movimento “Entregadores Antifascistas” , fundado por ele no ano de 2020.

“Foi no susto. Tinha um movimento antifascista aflorando após a morte do George Floyd e teve um ato em São Paulo antirracista e antifascista. Eu juntei dez motoboys para ir lá e um jornalista me perguntou o nome do movimento, então dei o mesmo nome do dia, criei os “Entregadores Antifascistas”, relata Galo em entrevista ao Jornal Contexto.
Pensando em formas de conscientização, o militante vê a comunicação como fundamental e busca encontrar uma forma de fazer com que a sua voz ecoe e chegue nos trabalhadores que, segundo ele, precisam entender o que é cooperação.
“Eu acredito no cooperativismo fundido no sindicalismo, esse é um dos caminhos, porém, para que ele funcione, precisamos ativar a consciência de classe”, é categórico o motorista.
Na procura de formas para atingir a massa, Galo conta sobre o Telejornal Correria, um projeto focado na comunicação com os trabalhadores, que será veiculado no perfil dos “Trabalhadores Antifascistas”.
“É um telejornal para os trabalhadores que irá fornecer conteúdo no Tik Tok, Instagram e Youtube. Terá um tempo maior no Youtube e será subdivido em cortes nas demais plataformas”, explica sobre a iniciativa.
