O recente aumento da quantidade de cruzamentos na área adversária contribuiu para a queda de desempenho da equipe

Texto por: Bruno Rys Colesanti

Desde a chegada de Abel Ferreira ao Palmeiras, em 2020, a equipe se notabilizou por uma eficiente jogada aérea ofensiva, principalmente em lances de bola parada, como faltas, escanteios e arremessos laterais. Na “Era Abel Ferreira”, um a cada quatro gols são originados desse tipo de jogada.

Porém, no intervalo de jogos entre setembro e outubro, a equipe alviverde, além de apresentar uma queda nos resultados, com 9 jogos, uma vitória, 2 empates, 6 derrotas e 4 gols marcados, teve um aumento no número de cruzamentos por partida, o que irritou a torcida. O ídolo do time, Marcos, fez críticas ao desempenho do Palmeiras e ironizou o excesso de cruzamentos na eliminação contra o Boca Juniors, na Libertadores: “(Se) for só para cruzar bola, bora por o Naves e o Luan na zaga e Murilo e Gómez no ataque.”.

A jogada aérea, que antes era um diferencial em lances de bola parada, agora está muito sendo muito buscada também em lances de bola rolando, o que acaba unificando o repertório da equipe. Na campanha do título paulista, no início do ano, o Palmeiras teve uma média de 25 cruzamentos por partida, segundo o Sofascore. Já no recorte de 9 jogos, do dia 30/08 ao dia 19/10, a média foi de 30 cruzamentos por partida, com destaques para alguns jogos que passaram dos 40 cruzamentos, como contra Goiás e Grêmio. O jogo contra o tricolor representou a partida com mais cruzamentos na “Era Abel Ferreira”. Foram 48 lançamentos para a área adversária.

Leonardo Suzuki, analista tático do perfil de redes sociais “Análise Verdão” atribui a lesão de Dudu ao elevado número de cruzamentos do time. A lesão aconteceu justamente na partida anterior a esse recorte de 9 jogos. 

“O Palmeiras é um time que sempre cruzou bastante, mas sempre buscando uma boa eficiência. Sempre em lances em que quem cruzava estava em vantagem e quem recebia o cruzamento também. Antes da lesão de Dudu, o lado esquerdo com Dudu e Piquerez e o lado direito com Arthur e Mayke apresentavam muitas combinações diferentes de jogadas que resultavam em bons lances de cruzamentos. A partir da saída do Dudu, o Arthur foi a opção escolhida por Abel para compor o lado esquerdo ofensivo, tornando o time mais previsível, já que eram dois canhotos jogando do mesmo lado. A falta de um substituto ideal forçou o time a buscar quase sempre a linha de fundo para realizar cruzamentos.”

Buscando remediar tal situação, Abel Ferreira optou por mudar o esquema nas últimas 5 partidas do alviverde. Ao mudar para um esquema de três zagueiros, os resultados voltaram. São 5 vitórias seguidas, que fazem o Palmeiras estar na briga pelo título brasileiro. Nessas 5 partidas, a média de cruzamentos se manteve parecida com o que vinha sendo apresentado pela equipe antes dessa má fase: decaiu para 23 por partida.

Leonardo elogiou a solução encontrada por Abel Ferreira: “Ao usar os dois laterais (Mayke e Piquerez) bem abertos e Breno Lopes jogando pela esquerda do ataque e Endrick pela direita do ataque, ele voltou a ter dois atacantes jogando com o “pé trocado” (um canhoto pela direita e um destro pela esquerda), voltando a ter combinações semelhantes a quando Dudu ainda estava apto a jogar”.

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