Desde a chegada do treinador Abel Ferreira, em 2020, esse tipo de jogada ajudou o clube nesses três anos de muitas vitórias e títulos
Por Bruno Rys Colesanti
Em outubro de 2020, o português Abel Ferreira foi anunciado como o novo treinador do Palmeiras. Após uma boa passagem do conterrâneo Jorge Jesus, no Flamengo, um ano antes, uma onda de treinadores portugueses chegou ao Brasil. Abel, até então desconhecido dos torcedores, chamou a atenção do time paulista quando era treinador do Paok, da Grécia. O novo treinador chegou ao Brasil com a missão de recuperar um time que não vinha agradando sob o comando de Vanderlei Luxemburgo.
E o desconhecido logo tornou-se ídolo, ao conquistar a Copa Libertadores alguns meses após sua chegada. Desde então, seu time comandou o futebol nacional e sul-americano. Abel Ferreira se tornou o treinador com mais finais pelo Palmeiras em toda a história: já são 11. O comandante conquistou 8 títulos durante esses 3 anos, que renderam a ele 245 partidas, 140 vitórias, 59 empates e 46 derrotas. Foram 418 gols marcados e 194 sofridos.
E de todos esses gols, chama a atenção a quantidade proveniente de jogadas de bola parada ofensiva. Para a realização do levantamento estatístico, foram catalogados os 418 gols (última atualização: 28/10/23) da equipe alviverde na “era Abel Ferreira” .106 deles (25,36%) foram originados de bolas erguidas na área após escanteios, faltas ou arremessos laterais. Para Leonardo Suzuki, analista tático do perfil de redes sociais “Análise Verdão”, o sucesso do time nessas jogadas está pautado em três fatores.
“Existem três fatores que destacam a bola parada ofensiva do time do Abel. São os três fatores essenciais para o trabalho de bola parada em qualquer time, e que foram reunidos na equipe alviverde. Em primeiro lugar ter bons batedores, em segundo lugar ter bons cabeceadores e, por último, um padrão construído em treinamentos. O principal deles é o padrão que o Palmeiras conseguiu construir durante esse tempo. São muitas variações em cobranças que, dependendo da jogada, saem abertas, fechadas, fortes na primeira trave e até com trocas de passe curtas antes de cruzarem para a área. São muitas variações que confundem a equipe adversária”.
Entre os bons cabeceadores, que foram citados como essenciais por Leonardo, se destacam no levantamento estatístico Gustavo Gómez, Murilo e Rony, com 21, 14 e 13 gols marcados respectivamente, a partir de lances de bola parada.
Leonardo também destacou o fato de terem bons cobradores no Palmeiras. Se somarmos aos gols a partir de bola parada, os tentos de faltas e pênaltis batidos à meta de forma direta, o número de gols sobe para 160 (38,28%). Os atletas que se destacam no levantamento nesses tipos de gols são Raphael Veiga e Gustavo Scarpa, com 30 e 11 gols respectivamente, mostrando que possuem muita qualidade na batida de bolas paradas, seja em chutes diretos, ou cruzamentos para a área.
Ainda sobre a questão de variações na hora das cobranças, Leonardo Suzuki elogiou o fato da equipe movimentar a bola com passes antes de alçar a bola na área adversária em algumas jogadas.
“É muito bom, pois gera uma dúvida no adversário. A batida de escanteio curto também preocupa o adversário com a questão da linha de impedimento, o que não acontece se a bola vem direto do escanteio, já que sai da linha de fundo. A partir do momento em que o escanteio é batido com um passe curto para trás, a linha de defesa é obrigada a sair, caso contrário, daria condições aos atacantes que estivessem próximos ao gol. E isso gera espaços para um ataque nas costas de uma defesa que está em movimento contrário ao de ataque.”
Todos esses fatores citados potencializam a jogada de bola parada do Alviverde. Muitos dos títulos conquistados por Abel tiveram gols marcantes em escanteios ou faltas. Leonardo lembra com carinho do gol de Viña pela semifinal da Libertadores de 2020 e do gol de Gustavo Gómez na final da Copa do Brasil de 2020. No ano passado, o zagueiro Gustavo Gómez era o artilheiro do Campeonato Brasileiro até a metade da competição, muito por conta do seu ótimo aproveitamento em cabeceios.
No ano de 2023, esse tipo de jogada continua rendendo frutos: gols de escanteio na semifinal e final do Campeonato Paulista, que terminou com o Palmeiras como campeão. No campeonato brasileiro, que se encaminha para sua reta final, os dois zagueiros -Gómez e Murilo- possuem 2 gols cada em lances que se originaram a partir de bola parada.
Gráfico e levantamento estatístico: Bruno Rys Colesanti
Acesse a planilha com o levantamento completo: https://docs.google.com/spreadsheets/d/e/2PACX-1vTe0-pxpUu2LsT-rEzCsQy-2IvLWKHpNdt6dSsStRuIlWYKkPZoRa1mDvMiK-dJDq2Vy4WQrxsbxNCD/pub?output=pdf
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