Décima oitava cúpula do G20 ocorre na Índia, sendo a primeira vez do país como sede de uma das reuniões que mais impactam na economia e política global.

Por Luiz Nascimento

Entre os dias 9 e 10 de setembro, Nova Délhi, na Índia, foi sede da 18ª cúpula do G20, organização de cooperação diplomática e econômica internacional que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia, além de várias instituições financeiras internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

Esta foi a primeira vez que a cúpula foi realizada na Índia, desde a criação do grupo, em 1999. Com o país na liderança, a cúpula se iniciou com um grande acontecimento: a fidelização da União Africana (UA) como membro permanente no G20. Essa notícia já era esperada, especialmente pela própria UA, que conta com um total de 55 países, formadores de um bloco muito influente na economia mundial. 

Para o professor Guilherme Floriano, doutor em ciências sociais pela Unesp de Araraquara. ‘’Isso é muito significativo dado a todas as mazelas que o continente africano carrega, como a escravização, neocolonialismo e os conflitos étnicos que existem até hoje’’.

Mesmo só sendo inserida agora, a União Africana frequentemente estava presente no G20 como convidada, isso mostra como o continente ‘‘tem muito potencial econômico, social e político’’, acrescenta Guilherme.

O presidente da União Africana, Azali Assoumani, abraça o primeiro-ministro da Índia e líder do G20, Narendra Modi. – Foto: Reprodução Site oficial G20

Outro acontecimento relevante da cúpula foi o lançamento da Aliança Global para os Biocombustíveis, uma iniciativa para promover o uso e a produção de combustíveis não-fósseis, como o Etanol, que é muito utilizado no Brasil. A liderança dessa iniciativa é composta por Estados Unidos, Brasil e Índia, os maiores produtores de biocombustíveis do mundo. Além dos três líderes, a aliança conta com mais 16 membros e 12 instituições referência no assunto.

Os chefes dos três países líderes da Aliança Global para os Biocombustíveis, Joe Biden, Narendra Modi e Lula, respectivamente. – Foto: Reprodução Site oficial G20

Além disso, no documento final da cúpula, diversas vezes é dito que o G20 vai se comprometer com um desenvolvimento mais sustentável, citando uma necessidade de colaboração entres todos os países membros para diminuir as emissões de poluentes, mudar as fontes de geração energia e preservar a biodiversidade de todo o planeta. 

Porém, mesmo com todos esses comprometimentos, no documento não se encontra de que maneira isso vai ser realizado, apenas que os membros estão engajados com o assunto.

É importante citar também a ausência de dois líderes de membros do G20, Xi Jinping da China e Vladimir Putin da Rússia. O primeiro não comparecer foi uma surpresa, já que a China nunca faltou aos encontros do G20, além de que muitos outros países membros esperavam poder se encontrar com o líder chinês. Seu não comparecimento pode piorar a crescente tensão entre China e Índia, que passam por uma disputa territorial desde 2020. 

O segundo líder a não comparecer, Vladimir Putin, já tinha sua ausência como esperada, visto que já faltou ao último encontro dos BRICS, ocorrido na África do Sul. O líder russo não informou oficialmente o motivo de sua ausência, mas Guilherme aponta que Putin, por conta da Guerra da Ucrânia, tem vários mandados de prisão emitidos por tribunais internacionais, cujos países do G20 são signatários, ou seja, caso o mesmo comparecesse à cúpula, correria o risco de ser preso. 

Outro tópico esperado na cúpula era a Guerra da Ucrânia. Os países ocidentais do G20 queriam um pedido de retirada imediata das tropas russas do território Ucraniano, porém por discordâncias entre os países membros, o documento final teve de ser adiantado para um dia antes do fim da cúpula. Neste o G20 se coloca a favor de soluções pacíficas para o fim do conflito e classifica o uso de armamento nuclear como ‘inadmissível’.

Por fim, na cerimônia de encerramento da cúpula, o primeiro-ministro Indiano Narendra Modi, passou a liderança do G20 para o Brasil, com o ato simbólico de passagem do martelo. O mandato brasileiro começa no dia 1 de dezembro, sendo a próxima cúpula marcada para acontecer no Rio de Janeiro, em 2024.

O presidente Lula recebe das mãos do líder indiano Narendra Modi o martelo que simboliza a passagem da liderança do G20. – Foto: Reprodução Site oficial G20

Deixe um comentário