Após quatro anos do governo de Jair Bolsonaro, muito era esperado da primeira participação de Lula no G20 após o início de seu terceiro mandato.
Por Luiz Nascimento
O Brasil sempre foi considerado um país com ótimas relações internacionais, sejam comerciais ou diplomáticas. Porém, nos últimos quatro anos, essa imagem foi prejudicada na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, diversas vezes, prejudicou a imagem brasileira ao ofender grandes parceiros comerciais do Brasil como China e França.
Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a expectativa internacional era de que essa forte diplomacia brasileira retornasse a como era conhecida. Para o professor Guilherme Floriano, doutor em ciências sociais pela Unesp de Araraquara, essa expectativa foi atendida. ‘‘A chamada normalidade democrática, diplomática e republicana do país aparentemente está sendo restabelecida’’.
Exemplo claro disso está na atuação do Presidente brasileiro na 18ª cúpula do G20, que ocorreu nos dias 9 e 10 de setembro, na Índia. Um evento de suma importância para o Brasil, mas que foi negligenciado pelo ex-chefe do executivo Jair Bolsonaro, visto que o mesmo nem compareceu à edição anterior, no seu último ano de mandato.
Lula na recepção da décima oitava cúpula do G20, ao seu lado Narendra Modi, líder do G20 e primeiro ministro indiano. – Foto: Reprodução Site oficial G20
Mesmo antes da cúpula começar, o presidente Lula já tinha reuniões bilaterais marcadas, sendo elas com o presidente Francês Emmanuel Macron, com o presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan e com o príncipe herdeiro da Arabia Saudita, Mohammed bin Salman.
Além destas reuniões já marcadas, Lula também se reuniu com 4 outras grandes figuras políticas, sendo elas os líderes do Egito, Holanda, Índia e Comissão Europeia.
Já na abertura do evento, o presidente brasileiro discursou, pedindo colaboração financeira dos países mais ricos do grupo para o combate às mudanças climáticas. Também citou as enchentes no Rio Grande do Sul, que foram responsáveis por tirar a vida de mais de 40 pessoas. Saiba mais sobre esses acontecimentos aqui.
“Quem mais contribuiu historicamente para o aquecimento global deve arcar com os maiores custos de combatê-la.’’
Na segunda sessão do primeiro dia de cúpula, o presidente Lula discursou novamente, dessa vez pediu o combate a desigualdade no mundo, criticando a concentração de renda e o preconceito com a população indigena, negra e LGBTQIA+. ‘’A desigualdade não é um dado da natureza. Ela é socialmente construída, combatê-la é uma escolha que temos de fazer todos os dias”, citou Lula.
Após isso, o presidente brasileiro participou do lançamento da Aliança Global para os Biocombustíveis, cuja liderança é formada pelos três maiores produtores de biocombustíveis do mundo, Brasil, Estados Unidos e Índia. Confira mais sobre esse lançamento na matéria de cobertura do G20 aqui.
Antes do encerramento da cúpula, o presidente Indiano Narendra Modi passou a liderança do G20 para o Brasil, através da passagem simbólica do martelo. O mandato brasileiro começa no dia 1 de dezembro, e confirma o Rio de Janeiro como local da próxima cúpula do G20, marcada para acontecer em 2024.
Para Guilherme isso mostra como os países emergentes estão tendo mais espaço na esfera global: ”é a consolidação de um cenário internacional como a gente nunca viu países emergentes fazendo frente ao G7, coisa que na história é inédito’’.
Após isso, o presidente brasileiro discursou novamente no encerramento da cúpula. Dessa vez expondo como o Brasil guiará o G20, cujas três pautas principais, de acordo com Lula, serão o combate à fome, a transição energética sustentável e a reforma de instituições de governança global. Para complementar essas pautas, o chefe do executivo brasileiro anunciou que nesta gestão duas forças tarefas serão criadas: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza; e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.
“Todas essas prioridades estão contidas no lema da presidência brasileira Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”, complementa Lula.
Jornal Contexto 