Texugods, time de esportes eletrônicos da universidade, intensifica treinos para competição intercâmpus

Por João Pedro Ferreira

A equipe bauruense está entre os oito melhores times de esportes eletrônicos universitários do Brasil (Foto: arquivo pessoal/Mateus Santana) 
A equipe bauruense está entre os oito melhores times de esportes eletrônicos universitários do Brasil (Foto: arquivo pessoal/Mateus Santana) 

“A gente não está, em especial, com medo de nenhum time, pode vir que vamos pra cima (risos)”. A fala bem-humorada do capitão do time Texugods, Lucas Kenji, revela um pouco o ritmo de preparação da equipe  para o Torneio de E-Sports Unespiano (TEU), que ocorrerá entre os dias 18 de novembro e 17 de dezembro. 

O campeonato surgiu em 2017 como uma iniciativa da Liga Interuniversitária de Esportes Universitários, que busca a integração esportiva e acadêmica em um ambiente virtual competitivo, abrangendo todas as 34 unidades da Unesp. 

A iniciativa unespiana foi influenciada pelo boom dos esportes eletrônicos no país no ano de 2015, período em que Gabriel Toledo, conhecido como “FalleN” (um dos atletas brasileiros mais prestigiados da história dos eSports), ganhou a primeira medalha para o Brasil em um campeonato internacional na modalidade de Counter Strike. Foi a partir dessa conquista que a tendência dos eSports começou a ganhar adeptos na cena universitária.

Segundo o presidente da Texugods, Mateus Santana, os primeiros “campeonatinhos” unespianos costumavam ser apenas um momento de diversão entre os estudantes. Ele afirma que quando os esportes digitais começaram a ser levados mais a sério socialmente, a Unesp de Bauru decidiu ter um time de eSports, em 2017. Santana destaca que a equipe é uma das mais antigas do ambiente universitário.

O torneio deste ano contará com três modalidades eletrônicas: o Counter Strike: Global Offensive (CS:GO) e Valorant, ambos esportes FPS (jogos de tiro em primeira pessoa que exigem mira e inteligência tática), além de League of Legends, jogo RPG focado em estratégia e na tomada de decisões.

O campeonato será realizado em duas etapas online. A primeira  contará com partidas classificatórias em uma série melhor de 1 (o time que ganhar a primeira partida está classificado para a etapa final). A segunda terá partidas playoffs em uma série melhor de 3 (o primeiro time a conquistar 2 vitórias avança para a próxima fase). 

A competição ocorrerá em formato de circuito, em que o time que ganhar mais modalidades vence em quantidade de pontos.

Pertencimento

Segundo o presidente da Texugods, o torneio proporciona um sentimento de pertencimento entre os jogadores, principalmente entre aqueles que não se identificam com esportes tradicionais. “Representar a sua universidade num torneio que só tem Unesp é legal, porque os jogadores de esportes comuns, como futebol, têm o Inter [torneio unespiano de esportes tradicionais]”, diz. “Trazer esse senso de pertencimento para o atleta [de eSports] é muito legal. Você cria rivalidade entre as atléticas, você cria aquele senso de ser da Unesp de Bauru”, completa Santana. 

Treinos

Em ritmo de preparação para o campeonato unespiano, a organização bauruense varia seu estilo de treino para cada modalidade, buscando se adaptar às habilidades que cada esporte exige. 

O capitão do time da modalidade Valorant, Lucas Kenji, mais conhecido como Jotapinha no mundo dos E-Sports, aborda um pouco as especificidades da sua categoria. “Os jogos com a reprise da partida são muito melhores para treino, porque você consegue analisar onde errou e onde o time adversário errou. No Valorant você não tem isso, fica difícil fazer essa análise. A gente tenta tirar as informações enquanto joga e aí depois a gente fala, no intervalo de uma partida pra outra, “faltou eu fazer isso, faltou eu fazer aquilo””, explica.

Os treinos da organização, que duram entre 2 a 3 horas, são os momentos em que os jogadores entram no servidor, testam esquemas táticos, aprimoram jogadas específicas e exploram as habilidades de cada atleta. Essa prática tem como principal objetivo corrigir falhas e melhorar pontos em que a equipe tem mais dificuldade.

O time bauruense ainda procura realizar, em datas próximas aos campeonatos, algumas scrims, que são partidas personalizadas contra outras equipes. Elas buscam simular um jogo real, em que cada time aprimora as suas táticas, comunicação e o entrosamento entre os jogadores. É diferente de partidas comuns, em que você joga online com pessoas aleatórias, sendo uma forma mais intensiva de treino. 

“A gente consegue fazer scrims com times de fora, por exemplo. A gente jogou o campeonato  qualificatório para o JUBs [Jogos Universitários Brasileiros], em que a gente joga contra outras faculdades, tanto privadas quanto públicas, como a USP. Então conseguimos um contato bom para ter treino”, afirma o capitão da equipe de Valorant. 

As expectativas da Texugods para o Torneio de E-Sports Unespiano (TEU) são positivas. O grupo quer manter o bom desempenho obtido pelo time de CS:GO no ano passado, vencedor do último campeonato da Unesp. 

O time ainda busca corrigir alguns erros cometidos no último TEU. “O time de Valorant foi disputar o TEU passado sem treino, jogou duas, três partidinhas juntos e foi sem treino mesmo, tanto que nem classificou. Mas esse ano a gente vem treinando bem mais, com mais frequência e com mais foco. Nós sabemos onde erramos ano passado, então esse ano conseguimos corrigir isso”, conclui Lucas Kenji.

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