A artista dá continuidade na sua série de regravações

Na capa do 1989 (Taylor’s Version), Swift está sorridente e traz elementos praianos, diferentemente de sua versão original que remetia à cidade grande (Foto: Beth Garrabrant)

Arthur Caires

“É uma nova trilha sonora, eu posso dançar no ritmo dessa batida”, canta Taylor Swift em Welcome To New York, primeira faixa de 1989 (Taylor’s Version). A quarta regravação da cantora, lançada em 27 de outubro de 2023, é um retorno ao gênero oitentista que a consagrou como a estrela do pop que conhecemos hoje. Anunciado no último show estadunidense de sua turnê – a The Eras Tour – este lançamento faz parte de uma jornada na carreira da artista, que tem o objetivo de regravar seus primeiros seis álbuns e recuperar o controle de sua música.

Originalmente lançado em 2014, 1989 marcou um renascimento artístico para Taylor Swift, como a própria cantora afirmou. Tendo seu ano de nascimento como nome, o álbum foi seu primeiro trabalho totalmente pop. Embora tenha flertado anteriormente com o gênero em Red, de 2012, ela ainda mantinha fortes raízes no cenário country de Nashville. Para embarcar nessa nova fase de sua carreira, Swift se mudou para Nova Iorque, adotou um novo visual ao cortar seu cabelo e começou a compor músicas inspiradas nos sintetizadores dos anos 80, colaborando com o produtor musical mais influente do século, Max Martin.

No clipe de Blank Space, Taylor Swift personifica sua imagem criada pela mídia (Foto: Taylor Swift/ Reprodução)

Shake It Off e Blank Space foram os primeiros singles da era, e tiveram dois propósitos principais: apresentar ao público o novo som de Taylor Swift e fazer uma crítica à mídia. As duas canções são sátiras que brincam com a falsa imagem criada da cantora na época, como uma manipuladora e obcecada por homens. “Eu saio em muitos encontros/ Mas não consigo fazê-los ficar/ Pelo menos é o que as pessoas dizem”, canta em uma das músicas. “Foi um movimento muito importante para a indústria ter exemplos de sucesso de artistas mulheres que conseguem se reinventar entre os gêneros musicais”, comenta Isabela Frasinelli – jornalista do Portal iG e ‘swiftie’ de carteirinha.

Até aquele momento, foi o maior sucesso na carreira da artista. O álbum vendeu mais de 1,2 milhões de cópias em sua primeira semana, teve três músicas #1 na Billboard Hot 100 e venceu na categoria de Álbum do Ano da 58ª edição do Grammy. “Como qualquer fã de pop, seria impossível ter passado pela era 1989 sem saber de cor os singles”, diz Frasinelli. Ela ainda destaca como o trabalho é um ‘pop perfection’, termo utilizado para músicas do gênero que são de alta qualidade. “É muito coeso e redondinho, algo que a própria Taylor se propôs a fazer em sua criação”.

Taylor Swift com os Grammys de Álbum do Ano e Melhor Álbum Pop por 1989 e Melhor Videoclipe por Bad Blood (ft. Kendrick Lamar) (Foto: GRAMMY)

Agora, com 1989 (Taylor’s Version), temos uma cópia um tanto quanto idêntica à sua original. Apesar de não ter seus produtores iniciais – Max Martin e Shellback – na maioria das faixas, que são produzidas pelo parceiro de regravações da artista, Christopher Rowe, a qualidade continua a mesma. A diferença fica perceptível apenas na mixagem. Antes os detalhes eram comprimidos em um único som, já nessas novas versões conseguimos perceber com mais clareza cada instrumento, sintetizador e vocal de fundo. Segundo Frasinelli, Swift conseguiu manter a essência das produções e intensificar os instrumentais, deixando as canções iguais, só que melhores. “Para fãs que sabem de cor cada detalhe nas músicas, claro que é possível notar algumas mudanças propositais. É só um processo de me acostumar com as diferenças”, adiciona.

Dentre as músicas regravadas, apenas Style e New Romantics tiveram uma queda de sua energia e uma reprovação dos fãs mais assíduos. Na primeira, o riff de guitarra tão icônico da versão original parece estar abafado e congestionado. Enquanto na segunda, a produção e os vocais se tornam infantis de uma certa maneira. No entanto, do outro lado do espectro, I Know Places e Clean, tiveram uma grande melhoria. Frasinelli argumenta que isso se deve pelos vocais de Swift e alguns momentos mais intensos dos instrumentais. Além da presença maior de Imogen Heap na segunda faixa, que havia participado da composição da versão original, mas agora tem mais destaque.

Antes do lançamento, Swift já havia disponibilizado as regravações de Wildest Dreams e This Love (Foto: Beth Garrabrant)

Para que essas regravações tenham um interesse maior do público, Swift disponibiliza, fora as já conhecidas, as faixas From The Vault – conjunto de músicas originais, criadas durante a época do álbum, porém não incluídas na versão final do lançamento. Desta vez, todas as novas canções foram produzidas por Jack Antonoff, colaborador de longa data da artista. O produtor foi apresentado em seu universo musical através das canções Out Of The Woods, I Wish You Would, e You Are In Love, deste mesmo álbum.

A adição mais notável é Say Don’t Go, repleta de elementos dos anos 80 e um refrão cativante. Frasinelli a considera sua favorita, especialmente devido à colaboração com a renomada compositora Diane Warren. Em contraste, faixas como Slut! e Suburban Legends são menos interessantes, principalmente pelo fato de ficarem redundantes quando comparadas ao álbum Midnights, de 2022. É como se Swift e Antonoff estivessem reaproveitando seus trabalhos anteriores. Essa característica também é presente em Now That We Don’t Talk e Is It Over Now?, mas essas conseguem ter um pouco mais de personalidade. “Fico tentando analisar as novas letras com as possíveis indiretas (ou diretas) ao relacionamento dela com Harry Styles”, comenta a jornalista.

O sentimento predominante de 1989 era angústia e ansiedade, dessa vez é liberdade (Foto: Beth Garrabrant)

Após este lançamento, qual será o próximo álbum regravado que Taylor Swift planeja lançar? A cantora está prestes a iniciar a The Eras Tour na América do Sul, começando na Argentina e com apresentações agendadas no Brasil, no Rio de Janeiro e em São Paulo. As expectativas estão altas para a possibilidade de um anúncio especial durante sua passagem. “Torço para ela manter os anúncios das regravações nos shows, como ocorreu com o Speak Now e o 1989, e que anuncie o reputation aqui no país”, diz Frasinelli.

@jornal.contexto

O 1989 (Taylor’s Version) finalmente está entre nós! #taylorswift #1989taylorsversion

♬ som original – Jornal Contexto

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