A cantora Taylor Swift trouxe uma nova discussão com a regravação de seus álbuns

Taylor Swift em seu show da The Eras Tour (Foto: Suzanne Cordeiro)

Arthur Caires

Na indústria da música, os contratos oferecidos aos artistas frequentemente se revelam como complexos e desvantajosos, criando um cenário de desequilíbrio de poder que tem chamado atenção recentemente. Muitos desses acordos, historicamente, concedem às gravadoras um controle substancial sobre a obra musical dos cantores, resultando em uma limitação da autonomia e da capacidade dos intérpretes de determinarem o destino de suas próprias criações. 

Em 2019, a cantora estadunidense Taylor Swift enfrentou um desafio significativo em sua carreira que lançou luz sobre essas questões de propriedade artística na indústria da música. A venda das masters dos seis primeiros álbuns da artista ocorreu quando o empresário Scooter Braun adquiriu a Big Machine Label Group, a gravadora responsável por seu catálogo musical inicial. 

Essa transação deu a Braun domínio sobre as gravações originais das músicas da cantora. Para Taylor Swift, isso representou a perda de controle sobre uma parte de seu próprio trabalho. Como resposta a essa venda, Swift anunciou sua intenção de regravar seus projetos iniciais, com o objetivo de retomar as rédeas de seu catálogo e assegurar que as novas versões pertencessem a ela. 

Swift já regravou quatro álbuns desde 2019 (Foto: Beth Garrabrant/ Reprodução)

Tais regravações não apenas permitem a Swift reivindicar seus direitos autorais, mas também lhe dão a oportunidade de adicionar sua maturidade artística e perspectiva atual às faixas, ao mesmo tempo que envia uma mensagem sobre a importância de artistas terem autonomia sobre seu trabalho. Esse movimento gerou atenção significativa na indústria e inspirou discussões sobre propriedade musical e a relação entre cantores e gravadoras.

“Ter a própria história vendida em uma jogada comercial foi muito duro para ela e acredito que deva ser muito difícil tomar a decisão de bater de frente com isso e regravar o catálogo”, comenta Isabela Frasinelli, jornalista do Portal iG e fã da cantora. Ela ainda destaca a importância do apoio dos fãs nesse processo, criando um precedente muito importante para outros artistas e para as negociações na indústria. “É bem significativo quando grandes nomes tomam essas atitudes que podem, sim, mudar as dinâmicas no mercado”.

Taylor Swift assinando o contrato com sua atual gravadora, Republic Records (Foto: Taylor Swift/ Reprodução)

É importante notar que Taylor Swift não foi a primeira artista a tomar medidas em relação à propriedade de suas masters. Em 2018, a cantora Jojo, que também enfrentou desafios relacionados a contratos desvantajosos com sua gravadora, regravou suas músicas antigas como um meio de recuperar o controle sobre seu catálogo musical. “Mas, acho que a Taylor foi um primeiro caso de grande sucesso, em que essas regravações receberam uma atenção especial e maior dos artistas”, comenta Frasinelli.

Podemos perceber essa influência de Swift já impactando a indústria musical. Um exemplo notável é o caso de Olivia Rodrigo, que lançou seu álbum de estreia, Sour, em 2021 com a garantia de que suas músicas seriam de sua propriedade desde o início de sua carreira. Além disso, Demi Lovato seguiu o exemplo de Swift ao regravar alguns de seus sucessos antigos no gênero do rock, em seu álbum REVAMPED, de 2023, buscando explorar sua criatividade e retomar o controle de sua obra. 

Recentemente, a cantora Dua Lipa também deu um passo significativo ao adquirir todas as suas masters de sua antiga gravadora. Essas ações demonstram uma crescente tendência na indústria da música, onde os artistas buscam maior autonomia artística e controle sobre sua própria música. Essa tendência que foi, em grande parte, impulsionada pela influência de Taylor Swift, opina Frasinelli. “Por isso, acho que sim, ela pode estar inspirando outros artistas a terem a coragem de regravar os trabalhos para ser donos das próprias músicas, agora que viram um exemplo de sucesso na área e que contou com o apoio dos consumidores”.

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O 1989 (Taylor’s Version) finalmente está entre nós! #taylorswift #1989taylorsversion

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