Por Gabriel Turolla

Desde o surgimento de Rebeca Andrade no cenário profissional, o embate diante da imbatível Simone Biles sempre foi algo aguardado pelos fãs de Ginástica Artística. 

Apesar de muito potencial, a primeira grande adversária de Rebeca não seria a multimedalhista americana, e sim a sua condição física. As lesões tiraram a brasileira dos Mundiais de 2015, 2017 e 2019. Além disso, disputou os Mundiais de 2018 e as Olimpíadas do Rio muito longe do ritmo necessário.

Com essa adversidade vencida, o grande confronto entre as duas lendas foi adiado mais uma vez: Biles não disputou as finais em Tóquio em decorrência de sua saúde mental. Os chamados “Twisties”, onde o ginasta perde as noções de espaço, tiraram a lenda de uma edição dos Jogos onde era vista como a grande estrela do evento, após aposentadoria de Usain Bolt e Michael Phelps.

Nesse meio tempo, Rebeca foi campeã olímpica e duas vezes campeã mundial, além de mais algumas medalhas importantes, incluindo a prata no individual geral de Tóquio.

Agora, com Rebeca Andrade bem fisicamente e Simone Biles bem mentalmente, a final do individual geral do Mundial de Ginástica Artística, na Antuérpia, colocará frente a frente duas das maiores ginastas da história. 

A final está programada para amanhã (6), a partir das 14h30.

Mundial de Biles 🇺🇸 até aqui

Simone Biles conquistou seu 20º título mundial, na decisão por equipes. Créditos: Tim Clayton/Corbis.

Nas qualificatórias, Simone Biles mostrou que não é deste mundo. Absurda desde o início e sem errar quase nada, Simone atuou confortável e cravou a somatória de 58.865, algo que parece inalcançável para ginastas humanas. 

Homologou o Biles II, o Salto de maior nota de dificuldade da história da ginástica (contando o código de pontuação atual), com 6.2 de nota de partida. Cravou e colocou mais 15.266 na sua somatória, que ajudou os Estados Unidos a liderarem a fase de classificação e, posteriormente, a própria final por equipes.

Simone ainda fez 14.400 nas Assimétricas, 14.566 na Trave e 14.633 no Solo.

Se classificou em primeiro para a decisão do individual geral, foi campeã por equipes e ainda por cima garantiu mais quatro finais por aparelhos. 

Mundial de Rebeca 🇧🇷 até aqui

Rebeca foi o grande nome da prata inédita do Brasil. Créditos: Tim Clayton/Corbis.

Rebeca fez qualificatórias muito discretas. Abaixo de seu potencial no Solo e com erros cruciais nas Assimétricas, Rebeca encerrou a segunda-feira “apenas” com a  4ª maior somatória entre as atletas que competiram. Rebeca cravou o Cheng mais uma vez no Salto, teve uma das melhores atuações da Trave e conquistou a somatória de 56.599 no primeiro dia de competições. 2.266 pontos abaixo da rival direta.

Já na final por equipes, junto com Flávia Saraiva, a campeã olímpica fez história ao guiar a seleção brasileira ao seu primeiro pódio por equipes em uma grande competição na Ginástica Artística, mostrando que a seleção é fortíssima candidata a repetir o feito em Paris, no ano que vem.

Aí sim a Rebeca cravou (quase) tudo. Repetiu os 14.900 no Salto, corrigiu a apresentação de Assimétricas cravando 14.400, teve pequenos problemas na Trave, mas passou limpa com 13.133 e fez baita apresentação de Solo, com coreografia e música nova, fazendo 14.666.

No Salto inclusive, fez a melhor série do dia, já que a Simone optou por guardar o perigosíssimo Biles II e fazer o Cheng, mesmo salto da brasileira. A americana fez 0.100 de execução a menos e saiu com 14.800.

A verdade é que se Rebeca tivesse cravado sua série na Trave, a diferença seria muito menor (quase 0.700 pontos), mas as somatórias delas na final por equipes foram as  duas maiores da tarde. Biles foi a melhor novamente, com 58.432 (quase 0.4 a menos que nas classificatórias), seguida da brasileira, que melhorou seu somatório em 0.5 ponto, fazendo 57.099.

Para amanhã, Biles é quase imbatível, mas final não tem descarte e tudo pode acontecer. Biles e Rebeca, no confronto do ciclo olímpico da Ginástica Artística, são favoritas à medalha de ouro e prata, respectivamente.

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