Vendedores ambulantes do Calçadão da Batista relatam suas dificuldades para atrair os clientes

Por João Victor Fortuna
Ao percorrer o centro de Bauru, especialmente o calçadão da Batista, é comum se sentir intimidado pelo alto fluxo de pessoas no local. Em dias de pico, são centenas, quiça milhares, de pessoas realizando suas atividades, sejam compras nas diversas lojas, ou no intuito de aproveitar o ambiente em práticas de lazer. Mas o que é certo é a variedade de opções que os bauruenses possuem ao explorar o centro da cidade.
Entretanto, um grupo de trabalhadores passa longe de ser a prioridade para os consumidores, sendo obrigados a recorrer a diversas técnicas para atrair os indivíduos para a simples ação de observar e analisar seus produtos.
São muitos os que vão ao calçadão para fazer compras na Riachuelo, por exemplo. Porém, apenas uma pequena parcela costuma comprar com os ambulantes, como Alex, de 28 anos, que tem uma banca de artesanato próximo ao Mc Donalds.
“Ninguém vem até aqui e olha para gente. Tem que atrair a atenção da galera, quase que cortejar os clientes, para que eles possam pelo menos olhar os meus produtos e quem sabe comprar um brinco, um colar. Isso já ajuda muito”, diz Alex.
Ele tem uma alta variedade de acessórios à venda, todos coletados e produzidos por ele. Muitas vezes é um enorme esforço para a produção, porém com baixo resultado. Além disso, ele tem que lidar com o preconceito em alguns casos, enfrentando olhares de julgamento, enquanto está apenas exercendo seu trabalho
“Tudo que eu vendo aqui eu mesmo busco e faço, dá um trabalho, por mais que eu não tenha um investimento alto pra produzir, são horas produzindo, criando os acessórios. Então, conquistar os clientes acaba sendo tão importante quanto a beleza dos produtos, pois eu sei que eles tão bonitos, a galera vai querer levar, só preciso da atenção deles”.
Ele explica ainda que “é complicado porque muitas vezes olham para gente de forma diferente, como se nosso trabalho não fosse digno”.
Mas as dificuldades não se limitam a conquistar os clientes. É um trabalho que não tem segurança, não há um salário mínimo e o lucro depende exclusivamente das vendas.
Trabalhando muitas vezes seis dias por semana ou até mais, Alex acentua a importância de estar sempre nas ruas, pois cada venda é imprescindível.
“A gente tá sempre por aqui, horário comercial, às vezes até um pouco mais, tem uma galera que tá na feira à noite pra ganhar um extra, estamos sempre na luta, quanto mais tempo na rua, maior a chance de ganhar mais e esse dinheiro pode fazer uma diferença grande no fim do mês”, finaliza Alex.
