Por Thaís Evangelista

Projeto tem como objetivo expandir a ideia de reutilizar roupas e unir comerciantes de brechós em Bauru

Fortalecer o comércio dos brechós e o consumo consciente no interior paulista. Essa é a proposta do Coletivo B, projeto idealizado pelos comerciantes Gabriel Felix (25) e Tábata Santos (33). A iniciativa surgiu em dezembro de 2019, por meio de uma feira que reuniu mais de 20 brechós na cidade. Desde então, foram realizadas cinco edições do projeto que, atualmente, ocorre na Casa Autoral, com a participação de diversos brechós. O evento é aberto ao público e conta também com participações de alguns artistas, como  como Banda Don Din e Nikim Drag Set.

O Coletivo B começou com os dois empreendedores, que formaram amizade, a partir do interesse em comum. “A gente começou a produzir feiras independentes, e a gente viu que faltava essa união de brechós em Bauru. Para poder trocar informação, poder  ter uma adesão maior de seguidores. Isso gera um engajamento local muito importante.”, comenta Gabriel.

Tábata Santos concorda. Segundo ela, o projeto começou por uma necessidade em ter eventos voltados para brechós em Bauru, principalmente feiras. Ela ainda comenta que muitas pessoas já compravam de modo online, e precisavam de uma opção de encontros presenciais. 

Formada em Produção de Moda, Tábata diz que seu interesse pelo mundo das roupas começou quando trabalhava em lojas de varejo de Bauru. Atualmente, Tábata é dona de uma marca própria, o brechó Afromix, que surgiu em 2018. “Eu comecei a trabalhar, mas querendo ser referência com um brechó de uma pessoa negra na cidade, um brechó online. Na época, eram poucas pessoas que trabalhavam com isso.”

Desde muito nova,  Tábata começou a vivenciar a experiência de consumir em brechós, segundo ela, principalmente por uma questão financeira. A empreendedora reforça a importância social e ambiental por trás de iniciativas como essa, que colocam novamente em circulação roupas usadas. “A gente tem a indústria da moda, que é uma das indústrias que mais poluem e mais descartam resíduos no meio ambiente. No mundo inteiro, a indústria de fast-fashion, que também tem a questão do trabalho escravo, que é essa moda muito rápida.Para onde vão essas roupas? É tudo muito rápido.E temos a opção de comprar  em brechós, que fazem o trabalho contrário da indústria fast-fashion, que é de ressignificar o uso dessas roupas.”

Tábata comenta que hoje o Afromix é sua principal fonte de renda e fica feliz em manter  um trabalho sustentável.

Estudante de Moda na Unisagrado, Gabriel Felix conta que, inicialmente, optou por estudar Design, por achar que a moda era algo muito elitizado e apenas voltado para mulheres. “Eu fui para São Paulo (…) e quando voltei para Bauru para terminar a faculdade de Design eu entendi que eu gostava mesmo era de moda, mas não pela roupa necessariamente, mas pela forma de expressão que aquilo era externalizado”, comenta o estudante.

O empreendedor é proprietário de um brechó em Bauru, o Mescana, que existe desde 2016. Ele afirma que a marca começou em parceria com uma amiga, que queria desapegar de algumas roupas. Depois disso, ele quis voltar a marca para o mundo dos brechós, e a iniciativa deu certo. Os dois adquiriram novas peças e o projeto cresceu. A loja existe há três anos e o Mescana é focado principalmente em roupas vintage.

Gabriel também comenta sobre a importância da moda reciclável. Para ele, é essencial para ressignificar muitos processos de  consumo e comportamento. “Porque a roupa transmite muita coisa. E aí a gente fica preso a essas peças que são atuais, em uma forma de comercialização do nosso corpo. A gente vai entrar dentro de uma tendência, de acordo com aquilo que está sendo vendido. Entramos em um personagem quando colocamos uma roupa.”, destaca.

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