Rappers acumulam números absurdos em shows e streamings, mostrando a relevância do gênero no âmbito musical
Por Vinícios Cotrim
Desde 2010, a cena do rap nacional e internacional vem se diversificando ainda mais com os diferentes subgêneros, como o boombap e trap, que fazem com que os artistas se diferenciem nos flows e batidas que acompanham os vocais.
Com essa crescente da cena musical, alguns músicos conseguiram furar a chamada “bolha” de ouvintes, chegando ao público que não costumava consumir rap, trap ou outro gênero do tipo.
No âmbito mundial, um dos nomes de mais sucesso é Travis Scott, rapper americano que surgiu no início da década passada com trap. Seu álbum Rodeo, lançado em meados de 2015, revolucionou o cenário do subgênero ao trazer diversos cantores já conhecidos por cantarem rap e diversas músicas que, na época, passaram a ser consideradas o ‘real trap’ pelos ouvintes.

“Lembro como se fosse ontem, a sensação de ir ouvindo as músicas e achando a próxima melhor que a anterior, para quem gosta do artista é sempre ótimo. O mesmo aconteceu com Astroworld e agora com UTOPIA. Nesses dois últimos ainda tinha o fator de descobrir qual outro artista estava na música”, comentou Pedro Henrique, fã do trapper desde o início da carreira.
Em território brasileiro, quem se destaca por essa popularização é Matuê. O cearense de Fortaleza começou a se destacar a partir de 2017, com a música “Anos Luz”, começando a fazer diversos hits a partir disso.
Em 2020, ele lançou o álbum Máquina do Tempo, parando as redes sociais durante o período de lançamento. Para aumentar a visibilidade, também foi feito um grafite em um prédio de São Paulo.
Com apenas um álbum de estúdio, Matuê é o único rapper brasileiro que alcançou o número de 3 bilhões de reproduções no Spotify, principal plataforma de música da atualidade. Com esses números, ele influenciou e ainda influencia diversos nomes da cena, elevando o nome do trap nacional a outras camadas. Pessoas que não gostavam do estilo, passaram a simpatizar com a novidade.

João Victor, fã do estilo musical, afirmou que é impressionante a crescente do cantor na música brasileira. “Nunca fui muito fã dele [Matuê], mas é inegável sua relevância no trap nacional. Além disso, ele também ajudou a dar visibilidade para os artistas nordestinos, como Teto e WIU, que fazem parte da mesma gravadora [30PRAUM] e conseguiram alcançar um público maior”.
Com isso, Matuê foi atração nos últimos três principais festivais de música do Brasil: Lollapalooza, Rock in Rio e The Town, levando o trap para diversos públicos, além do streaming que é acessível para todos. Travis Scott não vem participando de festivais, mas está realizando uma turnê de seu novo álbum, que além dos Estados Unidos, também possui apresentações na Europa.
Essa crescente de ambos é considerada uma saída do underground para o mainstream do rap, que no português é entendido como sair de desconhecido para celebridade musical. É importante lembrar que o gênero ainda não é considerado mainstream no âmbito musical inteiro, pois não possui a mesma relevância que outros tipos, como sertanejo e MPB no Brasil, ou o Pop em outros países.
